O dragão deu-se mal em Moreira de Cónegos. Sentiu a falta de espaço, tardou em soltar-se das amarras e esbracejou perante o Moreirense, regressado ao principal escalão. Apenas ferido, ao estar em desvantagem, conseguiu libertar-se para cuspir fogo e conquistar os três pontos na ronda inaugural da Liga.

Com três mexidas no onze, e ainda sem qualquer reforço na equipa inicial, o FC Porto não conseguiu ser tão dominador quanto se esperaria, envolvendo-se num embate intenso em duelos, disputado metro a metro de terreno, lance a lance. Viu o Moreirense chegar à vantagem, por Frimpong, ao minuto 51.

Foi a partir daí que se lançou para o triunfo, conseguindo-o com golos de Toni Martinez e Wendell, no espaço de apenas sete minuto. Depois da derrota na Supertaça, sem Sérgio Conceição no banco, teve de ser um Porto de combate a conseguir entrar a vencer no campeonato.

Uma questão de espaço

Um ano após a descida do Moreirense, o Parque de Jogos Comendador Joaquim de Almeida Freitas está de volta ao convívio com os grandes do futebol português, com as vicissitudes que isso acarreta. Num terreno compacto, frente a um conjunto organizado o FC Porto enfrentou muitas dificuldades.

Com muita bola, sob a batuta de Otávio, os azuis e brancos tentaram dar largura ao seu jogo, variaram o flanco e arriscaram a profundidade. Esbarraram num Moreirense firme nas suas tarefas, competente sem bola e ousado nos contragolpes, não temendo o maior poderio do adversário.

Foi, portanto, uma questão de espaço aquela a que se assistiu no penúltimo jogo da primeira jornada. Intenso nos duelos, em todos os duelos, o embate foi levado muitas vezes para a vertente física, com muito contacto e demasiadas faltas. Neste cenário complexo para o FC Porto, até foi o Moreirense a ir para o descanso com a melhor oportunidade da primeira parte – por Kodisang – adensando ainda mais a tarefa dos dragões.

Cambalhota em sete minutos

Lançar Toni Martinez em jogo, o que se veio a revelar acertado, foi a primeira medida dos azuis e brancos para tentar contrariar as adversidades. Mas, o maior músculo ofensivo dos dragões viu o Moreirense adiantar-se no marcador quando estavam cumpridos apenas seis minutos na segunda metade. Cruzamento da direita, André Luís iludiu a marcação no miolo, com a bola a escapar-se para o segundo poste, onde aparece Frimpong a estrear-se com a camisola cónega.

Ferido, o dragão teve o que faltou até então. Aumentou o ímpeto, pôs ainda mais garra em campo e tornou o jogo de sentido único, a meias com um baixar das linhas do Moreirense. Com dois golos em sete minutos o FC Porto operou a cambalhota no marcador. Primeiro foi Toni Martinez, a tal mexida acertada ao intervalo, a marcar, correspondendo da melhor forma ao amortecer do esférico por Fábio Cardoso.

Pouco depois foi Wendell, em terrenos adiantados, a rematar de primeira na meia lua, em arco, operando a reviravolta no marcador. Pelo meio dos dois golos azuis e brancos deu ainda para estrear Nico Gonzalez com a camisola dos dragões. Resultado final fixado aos 74 minutos, triunfo reativo dos azuis e brancos em Moreira de Cónegos, não se livrando, contudo, de um susto.