A Liga já igualou em meados de março o total de mudanças de treinador da época passada. Com a saída de João Pedro Sousa do Famalicão, passaram a ser dez os técnicos que deixaram o clube no decorrer da temporada. Em Espanha e Itália já houve mais mudanças nos bancos esta época, mas Portugal continua a ser, comparando com os principais campeonatos europeus, aquele em que tendencialmente se despedem mais treinadores.

E não se pode dizer que as coisas andem particularmente estáveis nas grandes Ligas. A semana que agora começou ficou já marcada por várias saídas de treinadores, com os clubes a aproveitarem a paragem competitiva reservada ao futebol de seleções para mexerem no comando técnico. Foi assim em Itália, onde a Salernitana nomeou o quarto treinador da época e a Lazio consumou a troca de Maurizio Sarri por Igor Tudor, em Espanha, com mudança no banco do Granada, em França, onde Antoine Kombouaré voltou ao banco do Nantes, e na Alemanha, com a saída de Nico Kovac do Wolfsburgo.

Agora, também Portugal juntou mais um nome à lista. Nesta época, a dança na Liga começou logo após a primeira jornada e foi uma mudança atípica, quando Moreno assumiu a despedida de Guimarães. Desde então, o Vitória já vai no terceiro treinador. Paulo Turra fez apenas seis jogos no banco, antes de dar lugar a Álvaro Pacheco. Não é o único clube que já mudou mais do que uma vez. Também o Casa Pia tem em Gonçalo Santos o terceiro treinador da época, depois de Filipe Martins e de Pedro Moreira.

Moreno assumiu o Desp. Chaves, sucedendo a José Gomes, pouco mais de um mês depois de deixar o Vitória e Álvaro Pacheco também já vai no segundo clube de Liga esta época, ele que deixou o Estoril à 6ª jornada e logo na ronda seguinte rumou a Guimarães.

Os outros clubes que já mudaram de treinador foram o Arouca, onde Daniel Ramos deu lugar a Daniel Sousa após a 11ª ronda, o Boavista, que se separou de Petit após a 13ª jornada, com Jorge Couto a fazer a transição antes de Ricardo Paiva assumir a equipa, e o Vizela, com Ruben de La Barrera a suceder a Pablo Villar após a 14ª ronda. A lista ganhou agora mais uma linha, com a saída de João Pedro Sousa, ainda sem sucessor anunciado no Famalicão.

Liga não baixa da fasquia das dez chicotadas

São oito temporadas consecutivas em que a Liga regista dez ou mais mudanças de treinador a meio da época. Ainda assim, com uma ligeira tendência de descida, se não houver mais mudanças até maio. Na temporada passada foram também dez as chamadas «chicotadas», contra 12 em 2021/22, 14 na época anterior e 16 em 2019/20. O recorde está em 19, o valor atingido em 2016/17, quando houve mais mudanças do que os clubes da Liga.

Nos últimos cinco anos, a média de treinadores afastados em Portugal é superior à das cinco principais Ligas, mesmo que pontualmente haja mais mudanças em alguns desses campeonatos.

Mudanças de treinador a meio da época nas principais Ligas

Nesta temporada, Espanha e Itália já vão em onze mudanças cada, mas no fim de contas estão em linha com a Liga portuguesa, uma vez que são campeonatos com 20 equipas. No outro extremo está a Premier League, onde apenas houve três mudanças de treinador no decorrer da temporada. Sem incluir Julen Lopetegui, que deixou o Wolverhampton ainda antes do arranque do campeonato, mudaram de treinador até agora o Sheffield United, o Nottingham Forest – onde Nuno Espírito Santo rendeu Steve Cooper em dezembro – e mais recentemente o Crystal Palace, com a saída de Roy Hodgson.

Esta época retomou a tendência de maior estabilidade nos bancos que caracterizava a Premier League e que tinha sido interrompida nos últimos anos. Na temporada passada, Inglaterra bateu aliás o seu recorde, com nada menos que 14 mudanças de treinador. Ainda assim, continua a ser entre os cinco maiores campeonatos aquele onde os técnicos têm menor probabilidade de serem despedidos.

Segue-se a Bundesliga, também tradicionalmente mais estável nos bancos. Nesta temporada, houve até agora seis mudanças de treinador no campeonato alemão. França, que também teve um volume fora do normal de despedimentos de treinadores na época passada, retomou agora a sua média, com sete mudanças nos bancos até aqui.

A dança de treinadores pode ainda não ter terminado, com dois meses pela frente até terminar a temporada. E seguramente não acabou o ruído em torno de alguns dos principais bancos do futebol europeu, quando está em aberto a corrida à sucessão de Jurgen Klopp no Liverpool, de Xavi no Barcelona ou de Thomas Tuchel no Bayern Munique, todos com anúncio antecipado de saída no final da época.