O Arouca só começa a jogar a 31.ª jornada da Liga Portuguesa no próximo domingo, dia 3 de maio, mas o jogo com o Marítimo já começou a mexer com o quotidiano arouquense há várias semanas.

A greve de 10 dias decretada pelos pilotos da TAP, com início marcado para esta sexta-feira (1 de maio), obrigou à alteração profunda dos procedimentos habitualmente escalonados para as deslocações à Madeira que envolvem sempre uma logística diferente de todas as outras assinaladas no calendário.

«Inicialmente marcámos a viagem pela TAP, companhia que habitualmente trabalha com as equipas de futebol. Arrancámos com o processo há sensivelmente um mês, como, de resto, fazemos sempre que viajamos para Madeira», contou Flávio Soares, Team Manager do Arouca, em exclusivo ao Maisfutebol, acrescentando que posteriormente foi confrontado com o cenário de greve que transfigurou todo o panorama.

«Toda esta situação acarreta alterações. Participámos à Liga Portuguesa de Futebol que, por sua vez, entrou em contacto com a Cosmos, agência que trata diretamente com a TAP. A resposta da transportadora foi que não havia alternativa e que a solução teria de ser encontrada pelos clubes», recordou.

Perante este cenário, os responsáveis do clube aveirense viraram-se então para as low cost que curiosamente acarretam mais custos do que as companhias regulares.

«Estas companhias não fazem diferenciação e exigem uma lista prévia de passageiros. Já tivemos problemas com o David Simão que foi admoestado com o nono cartão amarelo [diante do Paços Ferreira] e não pode jogar com o Marítimo devido a castigo. Temos de pagar para substituir e pode sempre haver lesões que exijam novas alterações», descreve o responsável.

Além de todo o processo burocrático que antecede a viagem, há que contar ainda com as restrições de bagagem impostas pelas companhias de baixo custo, que uma vez mais obrigam os clubes a abrir os cordões à bolsa.

«Existem limitações quanto à bagagem de porão. Como se sabe a viagem contempla apenas um volume de mão [com formato limitado] e isso quer dizer que vamos ter de pagar pelo resto da bagagem. É muito complicado fazer frente a todo este tipo de despesas», sublinha Flávio Soares.

Implicações desportivas

Os condicionamentos alastram-se ao pós jogo e a equipa de Pedro Emanuel está ‘obrigada’ a pernoitar duas noites no Funchal, contrariamente ao que é habitual, já que não há a possibilidade regressar imediatamente após o encontro dos Barreiros.

«Viajamos para o Funchal no sábado [2/05/2015] pelas 08:15 horas e só regressamos na segunda-feira [4/05/2015], portanto acabam por ser quase três dias. Vamos ter de pagar mais um dia de alojamento e as respetivas refeições. Tudo isto acaba por mexer com os jogadores», reforça.

Todo este imbróglio acontece numa fase avançada e decisiva do campeonato português, estando o Arouca ainda envolvido na luta pela permanência. O clube lamenta o sucedido e chama a atenção para os contornos que o episódio pode ter na vertente desportiva.

«Vamos ficar na Madeira mais um dia o que prejudica diretamente a preparação do próximo jogo [receção ao Boavista]. Estamos na reta final de uma época longa, os jogadores já foram sujeitos a um desgaste enorme e, além disso, estamos em fase de decisões onde o pormenor faz a diferença», rematou.