O Benfica foi à alma recuperar o sorriso. Depois de três jogos sem ganhar, a equipa de Rui Vitória colocou o orgulho ferido acima das incertezas e somou três pontos diante do Paços de Ferreira.

Por vezes a ansiedade falou mais alto, aqui e ali faltou clarividência, mas o tetracampeão justificou plenamente um triunfo que num contexto mais tranquilo provavelmente até teria sido mais dilatado.

A águia enfrentou as dúvidas de asas abertas. Com Fejsa de regresso a evitar alguns dissabores, mas sem grandes inovações relativamente à construção pela zona interior, o triunfo assentou sobretudo nos desequilíbrios constantes que a equipa de Rui Vitoria conseguiu criar pelas alas. Sobretudo pela esquerda, com Grimaldo e Cervi, mas também com a acutilância de Zivkovic na direita. Até André Almeida mostrou-se mais atrevido, muitas vezes solicitado por Luisão, mais competente no passe do que tem sido habitual.

A primeira parte do Benfica foi muito positiva. Ou os primeiros trinta minutos, se quisermos ser mais rigorosos. Marcou ao minuto 20, por Cervi, e ainda acertou três vezes nos ferros: um livre direto de Grimaldo desviado para o poste (9m), um remate de Jonas também ao poste direito (18m) e um cruzamento de Seferovic que acabou na trave (28m).

É verdade que após o golo o ritmo abrandou, mas o Benfica chegou ao intervalo com 12 remates (contra apenas um do Paços), e com 71 por cento de posse de bola, segundo os dados oficiais da Liga.

O segundo tempo começou com o Paços a assustar através um cabeceamento de Rui Correia que passou a centímetros da barra (47m), mas depois as águias voltaram a intensificar o ataque à baliza de Mário Felgueiras.

A tal ansiedade notou-se ao minuto 56, quando Jonas começou por assumir um remate que deveria ter sido de Pizzi e depois o médio perturbou a recarga de Cervi, mas o 2-0 apareceu cinco minutos depois.

Jonas marcou na sequência de um pontapé de canto e tranquilizou uma equipa que nos três jogos anteriores tinha estado a ganhar pela margem mínima mas que, no final, lamentou duas derrotas e um empate.

Desta vez foi diferente, e o Benfica até dispôs de mais ocasiões para aumentar a contagem, ainda que o Paços de Ferreira, aproveitando uma fase do jogo mais partida, também tenha criado alguns lances de perigo junto da baliza de Júlio César, em estreia na Liga 2017/18.

As dúvidas em torno do momento do Benfica não estão todas desfeitas, naturalmente. A prova disso foram os assobios quase instintivos com que os adeptos brindaram um remate disparatado de Pizzi, ao minuto 82. Mas o regresso aos triunfos dá, obviamente, um conforto diferente para enfrentar as próximas batalhas.