Nem toda mudança é sinónimo de crescimento.


Ainda assim, foi o Paços de Ferreira que deu sinais de melhorias com a troca de treinador. Pelo menos, para já. O decorrer da época irá certamente assegurar se a decisão foi acertada.

As chicotadas psicológicas, numa fase embrionária ou até mesmo a meio da temporada, são uma verdadeira contradição. Ouvimos treinadores a pedir tempo quando chegam aos clubes e depois, aceitam entrar com a temporada a decorre,r quando tempo é tudo o que não vão ter. Aliás, escasseia a passos largos. Algo que a classe tem obrigatoriamente de rever, sobretudo, para se proteger.

CONFIRA O FILME E A FICHA DE JOGO

Petit, no jogo de estreia, apresentou três alterações comparativamente ao último jogo. Contudo, a alteração mais significativa surgiu na postura da equipa em campo e na abordagem ao encontro: pressionantes, com uma reação sufocante à perda de bola e uma intensidade tremenda na disputa de cada lance. Em suma, um Paços que começa a ser a cara do treinador.

Uma entrada fortíssima no encontro valeu aos pacenses um golo logo aos cinco minutos. Mabil – o melhor dos castores – ultrapassou Pedro Monteiro, uma das quatro novidades de Filipe Pedro no onze, e cruzou para Welthon. Abner tentou o corte e acabou por assinar um autogolo.

Se o Estoril atravessava um momento delicado – seis jogos sem ganhar na Liga – em pior situação ficou com a desvantagem no marcador. Ainda assim, a equipa da Linha não se acomodou ao mau momento que atravessa e começou a tomar conta de jogo.

Posse de bola a toda a largura, capacidade para jogar entrelinhas e de forma apoiada. Em suma, as ideias de Pedro Emanuel bem vincadas, porque ninguém muda o que quer que seja em menos de dez dias de trabalho.

Confortável sem bola, algo impensável sob o comando de Vasco Seabra, o Paços de Ferreira tentou sempre sair em contragolpe, socorrendo-se da velocidade da dupla de avançados Welthon-Mabil.

A equipa de Petit esteve perto do segundo golo no jogo, mas o poste da baliza de Moreira impediu que Baixinho festejasse. Antes, Welthon tinha desperdiçado uma soberana ocasião de cabeça.   

A partir desse momento, o Paços de Ferreira limitou-se a conservar a magra e importante vantagem no marcador. Conduziu o jogo para um registo onde se parece sentir confortável: muitos duelos e quezílias constantes. Jogo persistentemente interrompido. O espetáculo empobreceu, naturalmente e o Estoril começou a ficar desconfortável na partida.

DESTAQUES DA PARTIDA: Mabil, apresente-se

A melhor entrada do Paços de Ferreira na etapa complementar rapidamente se esfumou. Os lances construídos por Pedrinho, juntamente com os homens da frente, desapareceram tão rápido como surgiram.

A obrigação de pontuar prevaleceu sobre a vontade de jogar.

Do outro lado, o Estoril, sem nada a perder, arriscou. Ciente do recuo contrário, tomou conta do jogo com os três esquerdinos do sector intermédio – Evangelista, Eduardo e Índio – a mandarem nos ritmos de jogo.

Começaram a surgir as oportunidades, é verdade, mas apenas de bola parada. Curto para quem não marca há 360 minutos e está na cauda da tabela.

Filipe Pedro tentou e bem, diga-se, inverter o rumo dos acontecimentos. Lançou Allano e Kyriakou e o Estoril tentou o último assalto à baliza de Mário Felgueiras. Em contraste, o Paços de Ferreira procurou suster o domínio contrário com faltas e perdas de tempo.

Feio, é certo, mas eficaz.

Os castores aguentaram o ímpeto final e seguraram a vantagem preciosa que lhe permite entrar nos dez primeiros da classificação. Primeira vitória de Petit e segunda vitória consecutiva para o Paços de Ferreira em casa, algo que não acontecia desde fevereiro. Por sua vez, o Estoril sai da Mata Real agarrado às velhas ideias que tardam em traduzir-se em pontos.

O futuro irá mostrar quem melhor se adapta à mudança ou se mudar é mesmo sinónimo de crescimento.