A atravessar o pior ciclo de resultados da época, depois de uma primeira volta em alta rotação, o Paços de Ferreira desperdiçou uma vantagem e dois golos sobre o Marítimo na abertura da jornada 25 e voltou a perder uma oportunidade de aquecer os motores e acelerar na corrida pelos lugares europeus.

A equipa de Jorge Simão não vence desde 11 de janeiro. Já lá vão oito jornadas da Liga sem arrecadar três pontos de uma vez, ao contrário dos insulares que atravessam o melhor momento desde a chegada de Nelo Vingada ao comando técnico (sete pontos nas últimas três jornadas).

Os três pontos estiveram mesmo ali ao alcance, que até começou morno e assim continuou até ao intervalo, sem centelha para acender a noite fria na Mata Real.

A equipa de Jorge Simão, que entrou em campo com nove portugueses (sem contar com o cabo-verdiano com dupla nacionalidade Ricardo), encaixou o seu esquema habitual de 4-2-3-1 no 4-3-3 maritimista e antes do intervalo rarearam as oportunidades de golo. Exceção para Diogo Jota, que nos descontos atirou cruzado para defesa de Salin.

FILME DO JOGO

Era o primeiro aviso para o que viria a seguir. O show de Jota começou na segunda parte e virou a partida de pernas para o ar. O jovem extremo de 19 anos entrou na segunda parte decidido a brilhar e foi coadjuvado por Andrezinho, médio-ofensivo de 20 anos.

Da sociedade entre estes dois talentos precoces nasceu o golo com que o Paços inaugurou o marcador. Jota, assistido por Andrezinho, colocou no fundo das redes dos madeirenses. 1-0 aos 50 minutos. Três minutos depois, Jota aparecia na área a atirar por cima. E no lance seguinte de novo Jota a fazer um golo de levantar o estádio, dominando, contornando o marcador direito (Dirceu) e finalizando com categoria à saída de Salin.

2-0 aos 54’. Em menos de cinco minutos o Paços parecia ter resolvido a partida com um lampejo de brilhantismo do seu menino-prodígio.

Parecia, mas não resolveu. A reação do Marítimo foi vigorosa e não demorou a surgir, logo aos 56’, com João Diogo a aparecer nas costas da defesa pacense para dar o melhor destino a uma assistência de cabeça do arménio Ghazaryan, na sequência de um livre e de um mau alívio.

DESTAQUES: Jota, de «jogadorzão»

Três golos em seis minutos. O tal jogo morno entrou em ebulição… E assim continuaria até que ao aos 70 minutos Dyego Souza resolveu deixar a sua marca na partida no primeiro lance que que tocou na bola. Novo lance de bola parada do Marítimo, cabeça e golo. 2-2. Estava feito o empate numa segunda parte incrível, que só não se tornou memorável para Diogo Jota porque ele falhou por centímetros o golo da vitória num remate frontal a dez minutos do final da partida.

Era o final de sonho para um show memorável de um artista português, que hoje teve no Estádio Capital do Móvel uma vintena de olheiros a verem-no brilhar.

Facto é que a bola passou a um palmo do ferro e o Paços bem pode bater na Madeira para ver se espanta a falta de sorte nesta sequência negra.

Aselhice ou azar? Não há grande explicação, além do mérito do Marítimo, para a forma como o Paços desperdiçou dois golos de vantagem quando tinha o jogo de feição.