«Vitórias tão gloriosas, enchem a vida de cor».

Assim o diz a música «Mundo Amarelo» do Paços de Ferreira.

E assim a cantou, pela 12.ª vez em 22 jornadas, a equipa comandada por Pepa, que respondeu à pior derrota da época – 3-0 nos Açores – com uma vitória segura e consistente ante o Nacional, apesar de pela margem mínima.

O intérprete maior da letra foi Luther Singh, que cantou golo a dobrar. Abriu a pauta com um golaço e fechou-a com um forte remate para os aplausos de toda a equipa e da plateia curta, mas unida no banco pacense.

O internacional sul-africano fez o que nunca tinha feito em quase cinco anos em Portugal – um bis num jogo – e também fez, num só encontro, o mesmo que tinha feito até agora na época: dois golos. Leva agora quatro em 2020/2021.

Quatro são também os jogos que o Paços, a quarta defesa menos batida da Liga, leva a sofrer golo. Bryan Rochez, no último lance do jogo, atenuou distâncias, mas não evitou a derrota visitante. Porém, a folha limpa até bem perto do final diz bem da segurança da vitória do Paços, num jogo controlado com responsabilidade a partir do minuto 33, o do 2-0.

Até aí, foi um festival dado por Luther Singh, com o primeiro êxito ao minuto 15. Bruno Costa bateu o canto, João Vigário afastou de cabeça e o internacional pela África do Sul apanhou a bola de primeira, fora da área, com a parte de fora do pé, para um golo de trivela sem hipóteses para Piscitelli.

O 2-0, volvidos 18 minutos, surgiu de novo lance de bola parada e com concretização quase na mesma zona. Rebocho bateu o livre para um subtil desvio de Hélder Ferreira, Júlio César cortou para a frente e Luther Singh, novamente solto, disparou com o pé direito em cima da linha da área para o bis.

Foi sobre esta diferença que o Paços assentou a vitória num jogo que, na verdade, esteve sempre de ter vantagem dilatada pelos castores do que diferença reduzida pelos insulares, algo que aconteceu aos 90+4', após um canto que Jordi cedeu quase de forma escusada.

Entre o 1-0 e o 2-0, Gorré deu um aviso e Riascos marcou ao minuto 30, num lance em que o Nacional já tinha pedido penálti por falta sobre Pedro Mendes, mas Iancu Vasilica apitou fora-de-jogo. A reação ficou por aqui até intervalo.

Já o Paços manteve o 2-0, mas podia ter feito mais pelo pé direito de Bruno Costa (24m) e por Tanque (41m): o brasileiro quase marcava sem querer, após Piscitelli ter pontapeado contra a sua cabeça.

Com Marcelo amarelado e uma vantagem sólida – embora perigosa – Pepa lançou Marco Baixinho para uma segunda parte em que o Paços deu mostras de querer resolver de vez. Rebocho ficou perto (48m) e Tanque também, num remate com estrondo ao ferro (50m). O brasileiro tentou de novo mais tarde (61m) mas não era a sua noite com o golo.

O passar do tempo trouxe o jogo dos bancos e certeza maior da vitória do Paços, perante um Nacional que nunca desistiu e ficou a pedir novo penálti, num lance dúbio de Éber Bessa com Maracás, com protestos de mão na bola (82m). O recém-entrado Martín Calderón mandou nova bola ao ferro (87m) e o 3-0 ficou perto, mas seria o Nacional a marcar por Rochez, após canto de Witi. Não deu para ter esperança, porque o apito final surgiu após a bola ao centro.

Singh cantou golo, o Paços mais uma vitória gloriosa, num jogo que ditou uma inédita quarta derrota seguida do Nacional esta época na Liga, a perda de Rúben Micael para o dérbi insular (viu o quinto amarelo) e talvez de Luís Freire, expulso na reta final do encontro.