Foi na raça, mas com classe. O Sporting arrancou uma vitória mais suada do que, a certa altura, pareceu que seria na Mata Real, mas tão dura como qualquer deslocação ao reduto do Paços de Ferreira exige. Decidiu o jogo numa jogada perfeita, desperdiçou ocasiões para ter um final tranquilo e acabou a roer as unhas, quando a equipa da casa acordou para o forcing final. Mas segurou a vantagem mínima. E, assim, isolou-se na frente da Liga, esperando pelo que fazem os rivais. Dois jogos, duas vitórias: início perfeito do leão.

Ficam os três pontos, o sumo que todos querem beber no final dos 90 minutos. Fica, também, a certeza de que a atitude certa não esteve em campo de início ao fim, mas esteve o tempo necessário para garantir a vitória. No lance que decidiu o duelo, então, esteve lá tudo: raça de Slimani, precisão de Bruno César e Gelson, classe de Adrien. É esse o caminho a seguir pelo Sporting.

OS DESTAQUES DO ENCONTRO

Isto porque a primeira parte só foi equilibrada enquanto o Sporting não se organizou. A equipa de Jesus não entrou bem, perdeu muito tempo a perceber o rival e, talvez, a perceber-se a si própria, ainda que com o esquema habitual e jogadores muito rotinados. De novo, Slimani e Bruno César, em vez de João Mário (é o adeus?) e Jefferson. Mas como cada jogo é um jogo, ao melhor estilo de La Palice, há sempre aquele tempo de adaptação que, umas vezes demora mais, outras menos.

Neste, para o Sporting, o estudo acabou pouco antes da meia hora, altura em que os leões começaram a mandar no jogo, de vez. E vieram as oportunidades, que fizeram com que o golo de Adrien, em cima do descanso, fosse já visto como natural face ao que estava a ser o jogo.

Defendi negou as primeiras duas tentativas. Primeiro a Alan Ruiz, depois a Slimani. À terceira, nada pôde fazer perante uma jogada sublime da equipa leonina. Slimani, o argelino que nunca dá um lance como perdido, acrescentou outro exemplo ao rol conhecido. Ganhou uma bola que parecia perdida na linha de fundo, entregou a Bruno César que cruzou para o toque de cabeça de Gelson. Adrien recebeu do companheiro e com dois toques marcou, de forma acrobática.

Carlos Pinto parte o jogo a partir do banco

Não havia Paços que emperrasse o Sporting nessa altura. A equipa de Carlos Pinto teve sempre imensas dificuldades em ligar o jogo até ao ataque, pese o esforço de Welthon. Estava a ser competente nos outros setores mas num jogo com um candidato ao título é preciso mais. O Paços não deu esse acréscimo necessário até à reta final do jogo.

Chegar aí «com vida» foi demérito leonino. O Sporting deveria ter feito o segundo no início da segunda parte, pelo domínio exercido e porque teve, de facto, ocasiões para isso, com o falhanço de Slimani para uma baliza aberta, a passe de Gelson, a ser a maior de todas.

Resistindo, o Paços voltou a incomodar quando Carlos Pinto partiu o jogo a partir do banco. Se a troca de André Silva, titular em estreia, por Minhoca pouco mudou, a dupla substituição, lançando Cícero e Ivo Rodrigues para campo, deu o abanão que os da casa queriam. Welthon ficou mais solto, Cícero prendeu os centrais, Ivo trouxe energia. A balança passou a pender menos para o lado verde e branco e os nervos aumentaram. O resultado era magro, um erro e tudo poderia mudar.

E poderia mesmo ter mudado quase em cima da meta, quando Cícero ganhou espaço na área, fugindo nas costas da linha defensiva do Sporting. Valeu Coates, em ação decisiva, a evitar o remate quando o avançado estava na cara de Rui Patrício. Um corte que não será visto tantas vezes como o golo de Adrien, mas que deu um contributo brutal à vitória do Sporting.

Entrada perfeita dos homens de Jorge Jesus na Liga. A bola está do lado dos outros candidatos.