Lucas e Nathan. Sinónimos de esperança para o Tondela. A equipa do distrito de Viseu continua a desafiar as probabilidades e adia as decisões até à última jornada da Liga. Dois golos de Lucas Souza e outros tantos de Nathan Júnior selaram um triunfo providencial em Paços de Ferreira (1-4).

O Paços despediu-se na Mata Real com uma imagem pobre e um rombo nas aspirações europeias.

O sonho comanda a vida tondelense. Esqueçam as crónicas da morte anunciada. Fruto de uma recuperação a todos os níveis formidável, o principal candidato à descida vai-se recusando a aceitar o seu destino. Será ainda possível a salvação? V. Setúbal e U. Madeira têm a palavra.

FICHA DE JOGO E AS NOTAS

Como mudou este Tondela! Chega à reta final da Liga com o terceiro homem no banco (Vítor Paneira, Rui Bento e finalmente Petit) e 29 jogadores utilizados de forma irregular.

Na baliza, por exemplo, a solução ‘caseira’ era a melhor mas perdeu-se demasiado tempo a perceber isso. Matt Jones e Enaut Zubikarai, um falhanço no mercado de janeiro, raramente mostraram mais valor que Cláudio Ramos.

O Tondela começou a época com dois homens no flanco direito que saíram entretanto (Edu Machado e Luís Machado), apresentando sucessivas duplas no eixo defensivo. A mais recente terá um dos homens que transmite alma a esta formação: João Pica.

Depois, foi pairando a incerteza sobre os homens que acompanhavam Nathan Júnior – claramente a jogador com maior talento – no ataque. Wagner, por exemplo, termina a época a um nível interessante mas vinha a jogar menos tempo que Romário Baldé e Jhon Murillo, extremos cedidos pelo Benfica.

Foram então 3 treinadores, 29 jogadores, casa emprestada (Aveiro) durante largos meses, várias dinâmicas e sistemas de jogo. Será possível resistir após tamanhas mutações? O Tondela continua a acreditar que sim.

Curiosamente, uma dessas variações foi determinante em Paços de Ferreira. Petit cumpriu castigo e viu o seu 4x4x2 surpreender o adversário.

Nathan Júnior apontou o 12º golo na Liga ainda no primeiro quarto-de-hora. Um lance extremamente polémico, ainda assim. O auxiliar terá considerado que a bola desviou na cabeça de Fábio Cardoso antes de chegar a Erick Moreno, que estava claramente adiantado para rematar ao poste e permitir recarga de Nathan. Análise extremamente discutível.

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O Paços de Ferreira, que chegara já aos desejados 48 pontos, acusou o golo sofrido e partiu em busca do empate. Queria agarrar o sexto lugar e a Europa. Mas pouco fez para o merecer.

Num dos poucos lances de bom futebol apresentados pelos castores esta noite, Rodrigo António projetou Hélder Lopes e o lateral cruzou para a finalização de Minhoca. Estavam decorridos 34 minutos de jogo e o Tondela terminou a etapa inicial em sofrimento.

Este gato, porém, tem pelo menos as reputadas sete vidas. Um ponto não bastava e o Tondela entrou melhor na segunda metade do encontro: com mais intensidade, com mais velocidade, com mais entrega ao jogo. Procurou enfim ser feliz.

Diogo Jota saiu lesionado com aparente gravidade antes da hora de jogo e o Paços de Ferreira foi caindo a pique. Petit trocou um médio (Luis Alberto) por um extremo (Jhon Murillo) e a vantagem chegou pouco depois.

Erick Moreno falhou uma oportunidade soberana mas Lucas Souza adiantou-se no terreno para apontar o caminho. Dois remates violentos do médio, ambos a contar com desvios de adversários, antes de Nathan Júnior bisar e fechar as contas.

Destaque para o papel de Wagner. Belo desempenho do extremo – que assistiu para o 1-4 – em Paços de Ferreira. O Tondela está vivo, mas depende nesta altura do que façam os seus adversários diretos nesta jornada.

O Paços, por seu turno, foi uma sombra de si mesmo. Sem alma, sem rasgo, sem o futebol atraente de outras noites. Jogo para esquecer.