«Daniel... Rumo à Europa!»

Antes do apito inicial, num pequeno setor de uma das bancadas da Mata Real, irrompia uma mensagem dos adeptos madeirenses, em jeito de tributo ao técnico Daniel Ramos, que, chegado com a época a decorrer, catapultou a equipa da luta pela manutenção para as competições europeias.

Derradeira jornada da Liga e a Europa ali tão perto para o Marítimo. À distância de um pontinho apenas, o suficiente para garantir o sexto lugar e o consequente apuramento para a pré-eliminatória da Liga Europa. No entanto, antes da festa, uma longa provação: 90 minutos de sofrimento.

Já tranquilo na classificação, o Paços de Ferreira jogava em casa e dominou a primeira parte do jogo.

Nas costas de Luiz Phellipe, o trio Ricardo Valente-Andrezinho-Ivo Rodrigues foi um tormento para os insulares. Apesar de também ponta-de-lança e também brasileiro, Phellype está longe de ser Welthon, habitual titular na frente de ataque pacense, que está lesionado. Pelo que o resumo mais sintético do jogo bem pode ser este: o Paços controlou o meio-campo, criou ocasiões de golo, mas não teve frieza na definição.

Assim foi com Phellype, logo no início, a aparecer sozinho na área a cabecear para a defesa de Charles, falhando depois a recarga; tal como aconteceu, aos 37’, com Ricardo Valente a rematar para a mancha do inevitável Charles.

Em ambas as ocasiões a salvação maritimista esteve nas mãos do seu guarda-redes, que surgiu a tapar os inúmeros buracos defensivos no eixo da defesa, atarantada com o jogo interior e exterior dos pacenses.

Quando não era em falhas de marcação dos defesas do Marítimo, era através do talento individual de Ivo Rodrigues que o Paços criava perigo. Em cima do intervalo, o extremo emprestado pelo FC Porto encheu o pé e fez a bola passar bem perto do poste. Já no segundo tempo, Ivo acertou mesmo no ferro, aos 62’, no desvio a um cruzamento de Miguel Vieira na esquerda.

Por sua vez, o Marítimo reagia a espaços, com Djoussé e Éber Bessa em fortuitas tentativas de visar a baliza. A preocupação era sobretudo não perder; considerando que o Rio Ave vencia o Belenenses em casa e que um golo pacense ao Marítimo bastaria para colocar os vila-condenses na Europa.

Percebendo o desequilíbrio defensivo da sua equipa, que raramente controlou o meio-campo, Daniel Ramos mexeu na segunda parte até estabilizar o jogo. E a verdade é que nos vinte minutos finais a equipa madeirense esteve até mais perto de marcar. Aliás, aos 81', os madeirenses poderão reclamar de um lance polémico: Éber Bessa chegou primeiro à bola, tocou-a e parece ter sido derrubado por Mário Felgueiras. Hugo Miguel, porém, não considerou grande penalidade.

Os madeirenses foram navegando à vista e mantiveram-se à tona. No final, missão cumprida, celebrada por meia centena de irredutíveis adeptos insulares que viajaram até à Mata Real.

Tal como já se sabia antes desta derradeira jornada, o caminho Marítimo para a Europa foi descoberto com um empate.