Até pode ter sido um duelo de aflitos, mas a verdade é que foi um bom jogo de futebol.

A tabela da Liga mostra que Paços e Gil Vicente estão em posição incómoda, sobretudo os pacenses, que há muito lutam por fugir ao último posto.

Dentro do campo, porém, vimos duas equipas com bons executantes, a quererem ganhar, a procuraem o golo, sem medo de assumirem riscos.

O Paços foi mais ofensivo, assumindo as despesas de quem tinha que vencer, exibindo a sua condição de visitante.

O Gil mostrou uma gestão mais racional do jogo. Teve algumas dificuldades, nos primeiros minutos, de segurar o ímpeto ofensivo dos pacenses, mas a partir do quarto de hora apareceu no jogo, conteve a pressão da equipa da casa e passou a discutir. 

Momento soberbo   

Caetano, em tarde difícil no regresso a uma casa que o acolheu durante três anos e meio, apareceu como um dos mais perigosos de um Gil a trocar bem a bola, com bons princípios, a jogar de forma equilibrada.

Titular do Paços no reduto do Gil, na primeira volta, Caetano foi, desta vez, titular do Gil na casa do Paços. E o jovem extremo foi mesmo protagonista: já tinha ameaçado em lances anteriores e, ao cair do pano para o intervalo, assina um momento soberbo, que merece ser visto.

Quase sem ângulo, Caetano inventa, após receber com o peito, um golo de antologia e põe, de forma um pouco inesperada, o Gil na frente do marcador em cima do intervalo.

Paços apanhado de surpresa

O Paços demorou um pouco a reagir ao imprevisto. O intervalo foi um bom momento de reflexão, a equipa surgiu mais arrumada no segundo tempo, mas o Gil soube aproveitar a magra vantagem.

Forçado a arriscar, o Paços tentou empurrar o Gil para ainda mais perto da sua baliza. Os gilistas não se assustaram com a mudança de atitude do adversário e até tiveram momentos em que estiveram perto do 0-2.

O Paços nunca desistiu de inverter a sorte. Os remates potentes de Del Valle quase levaram os «castores» ao 1-1 (valeram as boas intervenções de Adriano, está em grande forma o guarda-redes gilista).

Mas o empate não surgiu e foi o Gil a resolver a questão mais cedo do que se esperaria. A 20 minutos do fim, Caetano, outra vez ele, arranca pela esquerda, assiste Avto e o goergiano, sem cerimónias, sela o 0-2.

Inesperado, mas justo

Inesperado, mas justo. O Gil bateu o Paços pela organização e pela racionalidade. Deu pontapé definitivo na crise, soma 25 pontos num salto enorme na tabela, afundando um Paços que, definitivamente, não encontra forma de descobrir o seu próprio caminho, esta época.

Pedro Proença fez, como habitualmente, um bom trabalho, mas não tinha necessidade de ser tão perfecionista na exigência de posicionamentos da barreira nos livres e outras questões de pormenor. Contribuiu para uma certa quebra de um jogo que até foi bem ritmado.