Nem baile de máscaras, nem corso carnavalesco. A estratégia de uns (Paços) e a esterilidade atacante de outros (Rio Ave) matou a festa nos Arcos e não houve golo para ninguém. Foliões? Nem vê-los.

O nulo castiga sobretudo os homens de Luís Castro. Tanto talento (Rúben Ribeiro e Gonçalo Paciência à frente de todos), tanta produção ofensiva (21 – 4 em remates, 66% - 34% em posse de bola) e um pontinho sensaborão no final, sem cor nem alma.

Esta incapacidade rioavista começa, de resto, a ser uma característica, mais do que um acidente pontual. Nos últimos cinco jogos, os vilacondenses marcaram apenas duas vezes e só venceram o Sp. Braga (1-0 neste mesmo estádio).

O que falta, então, a uma equipa carregada de talento e com uma proposta de jogo tão atraente?

Intensidade em determinados momentos, serenidade na hora de rematar (Tarantini, o mais experiente, não pode falhar o que falhou aos 48, a passe de Gonçalo) e melhor preparação do enquadramento na zona de tiro.

Quantos cruzamentos fez Rafa na esquerda? Quantas linhas de passe desenhou o génio de Rúben Ribeiro? Quantas bolas segurou Gonçalo na frente, à espera de apoio?


FICHA DE JOGO DO RIO AVE-PAÇOS FERREIRA

O Rio Ave foi uma ideia incompleta, um monólogo escrito para surdos, um puzzle por fechar.

Apesar de erros, muitos erros, no seu jogo, os vilacondenses foram os únicos a querer ganhar. A querer vestir a máscara do futebol e festejar.

O Paços de Ferreira, apenas razoavelmente organizado, abdicou completamente da bola e da ambição ofensiva. Encostou-se na defesa, definiu duas linhas de barreira (4x5) e deixou o matador Welthon em terra de ninguém.

Os pacenses tiveram um excelente Defendi e a capacidade de perturbar as decisões de um Rio Ave com mais talento, ambição e problemas graves de fertilidade.

O estado de graça de Luís Castro – quatro vitórias nos quatro primeiros jogos – ameaça esfumar-se rapidamente, se o Rio Ave não regressar urgentemente aos triunfos. Tem matéria prima para ganhar e andar perto dos lugares da UEFA.

O treinador optou por abdicar de Gonçalo Paciência (troca por troca com Guedes aos 64 minutos) antes do assalto final e teve demasiado tempo o melhor em campo (Rúben Ribeiro) encostado à esquerda. Duas opções que também ajudam a explicar este 0-0.

Resta falar do árbitro Tiago Antunes. Expulsou o treinador Vasco Seabra no primeiro tempo, não acertou com a lei de vantagem e parece ter falhado ao não assinalar penálti sobre Guedes já nos descontos. Uma noite difícil também para ele.