A FIGURA: Rúben Ribeiro
Zona de conforto do futebol do Rio Ave. Segurança, ternura, sensação de familiaridade no trato do jogo e da bola. Luís Castro encosta-o à esquerda e pede-lhe deslocações interiores, na busca do cruzamento, tabela ou remate. Rúben arrisca, define, procura tudo, muitas vezes emparedado em espaços claustrofóbicos. A bancada impacienta-se, reclama, pede mais rapidez, e quase sempre sem razão. Rúben executa com a perfeição dos eleitos e, se por vezes arrisca ou exagera, é porque o futebol do Rio Ave a isso obriga. Um senhor jogador.

O MOMENTO: penálti ou não penálti sobre Guedes(minuto 90)?
O Rio Ave tentava tudo, raras vezes com lucidez, e no período descontos viu Guedes a sofrer um toque e a cair na área do Paços. O árbitro Tiago Antunes mandou jogar e os Arcos explodiram. Nada a fazer, 0-0 até ao fim.

POSITIVO: Gonçalo Paciência
Uma voz autoritária a pregar no isolamento, na clausura do espaço defensivo pacense. Uma tarefa árdua, pois, muitas vezes incompreendida. Lançamentos longos, lançamentos curtos, Gonçalo a movimentar-se numa constância comovente e a tentar criar. Mais para os outros do que por si, curiosamente – a assistência para Tarantini aos 48 minutos é soberba. Gégé foi a sua carraça de serviço, Gonçalo ganhou-lhe sempre a frente e decidiu com a qualidade que lhe reconhecemos. Usa bem o corpo, é rápido a executar e está a readquirir frescura competitiva. Precisa de muitos jogos e muitos golos. O restante está lá. Não merecia ter ficado de fora nos últimos 25 minutos.

OUTROS DESTAQUES

Rafael Defendi

Atento, concentrado, muito bem na definição dos timings de saída aos cruzamento, perfeito a jogar com os pés (uma das maiores limitações). Nos remates que levaram selo de resolução possível, Defendi estava lá para encaixar. Uma boa noite, pois, para o guarda-redes pacense.

Gil Dias
Arrancada tumultuosa, aos 24 minutos, a dinamitar a defesa pacense e a provocar um livre à entrada da área. É isso que destaca Gil dos demais. A explosão, o risco em zonas interiores, a conquista de faltas. Tem velocidade, tem um pé esquerdo de qualidade, mas não se pode alhear tanto do jogo como faz.

Roderick Miranda
O que a confiança faz a um atleta… transfigurado para melhor, a defender e a construir. Entrega bem a bola, sai a jogar com qualidade, limpa pelo ar e pelo chão. Deixou de ser o central tremelicante, largado pelo Benfica num momento sensível (sim, ainda o golo de Kelvin).

Petrovic
Sem espaço no Sporting, o médio defensivo pode ser importante neste Rio Ave. Posiciona-se bem, executa razoavelmente, mas tem um problema grande: é lento, demasiado lento. Em determinadas situações, essa lentidão permite a aproximação do adversário e a imediata pressão. É aí que Petrovic hesita e, não raras vezes, peca.

Rafa Soares
Tantos cruzamentos, tantas subidas, tantas combinações com Rúben Ribeiro. O lateral passou o jogo a atacar, levou o Rio Ave para a frente e até teve um livre direto à entrada da área. Tal como muitos dos cruzamentos, esse livre não teve um bom fim.

Vasco Rocha
Menção honrosa. Símbolo da solidez e organização pacense. A estratégia para o jogo condicionou os artistas e elevou os operários.