O Tondela alcançou o primeiro triunfo no campeonato (2-1), numa partida que teve 45 minutos demasiados maus para serem verdade. Acabou por sobressair a maior resistência da equipa da casa, que jogou uma hora com menos um jogador, mas chegou ao triunfo no último suspiro do jogo.

O P. Ferreira acaba por sair penalizado de um jogo onde fez muito pouco para ganhar, mesmo estando em vantagem numérica durante tanto tempo.

Tondela em busca da felicidade

O caminho para a felicidade faz-se passo a passo. Por muito cliché que esta frase possa parecer, faz todo o sentido utilizá-la para iniciar a crónica da receção do Tondela ao P. Ferreira, no jogo de abertura da 7ª jornada da Liga. Isto porque, na antevisão ao jogo, Petit, técnico tondelense assumira que a sua equipa tinha de ir «em busca da felicidade», que, neste caso, se traduzia na conquista da primeira vitória.

Mas para começar a trilhar esse percurso rumo à felicidade, havia muitas coisas que os auriverdes teriam de mudar. Desde logo, marcar um golo no seu estádio, algo que não conseguira nas três vezes que jogara na condição de visitado. Esse tinha de ser o primeiro passo.

Só que do outro lado, a tentar criar obstáculos na busca da felicidade tondelense, estava um P. Ferreira que, ao contrário do Tondela, respira tranquilidade. E alegria, conforme assumira Carlos Pinto, que lidera uma equipa que vinha de dois triunfos convincentes, diante de V. Setúbal e do Rio Ave.

E o futebol, senhores?

O que não foi nada alegre foi o futebol praticado por ambas as equipas durante os primeiros 30 minutos. Meia hora que foi demasiado má para figurar na história da I Liga. Equipas desligadas, sem conseguir criar lances de perigo e, para piorar tudo, com os jogadores mais preocupados em entrar em picardias do que em tentar jogar futebol.

Assim sendo, torna-se fácil fazer o resumo desse período: zero jogadas de perigo, nenhum remate à baliza e qualidade de futebol abaixo de zero. Uma nulidade. Tenebroso o jogo a que se assistia.

Mas nem tudo ficou a zeros: cartões vermelhos houve um para cada equipa, com clara desvantagem para o Tondela que ficou sem o lateral-esquerdo Mamadu, enquanto que do lado dos pacenses o jogador expulso foi Gleison, que estava no banco de suplentes. Apeteceu perguntar onde andava o futebol, mas ele daria, finalmente, sinal pouco depois.

Apesar de se voltar a ver em desvantagem numérica numa fase muito precoce da partida – desta feita aos 31, enquanto na jornada anterior tinha sido aos 39 – foi a equipa da casa que saiu por cima da confusão que se gerou aquando das expulsões. Ou pelo menos aquela que foi mais feliz.

Petit mexeu na equipa de imediato. O tempo de paragem foi tal que deu para Fábio Nunes fazer um aquecimento rápido e entrar antes da partida ser retomada, substituindo o médio Dylan.

Nos minutos seguintes - por entre mais uma ou outra escaramuça – o P. Ferreira colocou Cláudio Ramos à prova por duas vezes e viu um golo bem anulado por fora de jogo de Ricardo Valente.

Mas logo depois, o Tondela vislumbrava o primeiro feixe de felicidade. Que surgiu repentino, sem que se estivesse muito à espera dele, assumindo a forma de um cruzamento perfeito de Murillo e um toque feliz (lá está), de Moreno que fez a bola sobrevoar Mário Felgueiras e entrar na baliza do pacense.

O tal primeiro passo rumo à felicidade estava dado, mas o caminho antevia-se ainda longo.

Felicidade é isto, certo?

Ao intervalo, Carlos Pinto mexeu na equipa para ir em busca do resultado. A entrada de Cícero para o lugar de Ivo Rodrigues pretendeu dar mais peso ao ataque dos castores, enquanto a saída do amarelado Bruno Santos pareceu mais uma medida preventiva que visou retirar um dos atletas que mostrou maior nervosismo na primeira metade.

Como seria de esperar, foram os pacenses a assumir mais as despesas do jogo, tentando contrariar a desvantagem no marcador. Mas aí, surgiu um Tondela seguro e personalizado, a saber defender-se em quase todas as situações.

Só através de bolas paradas é que os castores foram conseguindo ultrapassar a barreira montada por Petit à frente da baliza de Cláudio Ramos, e previa-se que só dessa forma os pacenses conseguissem chegar ao empate.

E foi mesmo isso que aconteceu, quando, aos 73 minutos, Miguel Vieira subiu mais alto que toda a defesa contrária para responder de cabeça a um canto de Filipe Ferreira, fazendo assim o empate na partida e aumentado a incerteza no resultado, e tornando mais nublado o caminho do Tondela em busca da felicidade.

Mas o primeiro passo estava dado. E mais um, desde que dado na direção certa, podia indicar o destino desejado. Foi isso que fez Crislan no último minuto da partida. Foi o farol tondelense, indicando o caminho a Murillo, para que este desse o passo decisivo. O venezuelano deu, e equipa foi com ele. De joelhos, vergados sobre o relvado, muitos companheiros não aguentaram a emoção. Felicidade só pode ser isto.