Um Benfica impulsivo, comandado por Pizzi, bateu o Rio Ave e garantiu que entra em 2017 com quatro pontos de vantagem sobre o segundo classificado. A equipa de Luís Castro, que vinha de quatro vitórias consecutivas, até se apresentou bem organizada na Luz, mas perdeu sempre toda a consistência cada vez que a equipa de Rui Vitória carregou no acelerador. Não foram muitas vezes, mas o suficiente para desmontar a organização dos visitantes e garantir mais três pontos. Pizzi foi a grande figura deste jogo, com uma assistência, ainda que sem intenção, para o primeiro jogo antes de marcar o segundo e ser protagonista de um golpe de teatro nos últimos instantes do jogo.

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E foi assim que o campeão entrou no jogo, com prego a fundo, procurando destabilizar um adversário que se apresentava com duas linhas à frente da baliza de Ederson. Raides constantes, com acelerações de Rafa, Pizzi e Guedes nos últimos trinta metros a provocar verdadeiros rombos na organização que Luís Castro tinha montado.

Rui Vitória trocou apenas Jiménez por Mitroglou na frente de ataque e o grego, que tem vindo a perder peso na equipa, apresentou-se mais aplicado do que nunca, a querer mostrar que também merece jogar de início. Luisão, com uma cabeçada no coração da área, deu início às hostilidades, que prosseguiram a um ritmo frenético na área de Cássio, com remates de Mitroglou e Pizzi antes do primeiro lance polémico do jogo. Carga descontrolada de Filipe Augusto sobre Gonçalo Guedes em plena área [foto abaixo], mas Rui Costa mandou seguir.

Também não houve tempo para protestos porque, nesta altura, o jogo estava ainda frenético e logo a seguir chegou o primeiro golo. Guedes fura pela direita, cruza para Mitroglou que tenta rematar de calcanhar. A defesa vila-condense afasta e Pizzi, à entrada da área, remata. A bola sobra, por capricho, para Mitroglou que, com uma rotação rápida, bateu Cássio como quis, com a defesa do Rio Ave parada a pedir um fora de jogo que não existe.

Mudou quase tudo a partir daqui. O Benfica tirou o pé do acelerador e seguiu em ponto morto, permitindo que o Rio Ave assumisse a condução do jogo durante quase vinte minutos, ao ponto de se ouvirem assobios das bancadas. A verdade é que o Rio Ave, com muita bola, sentia tremendas dificuldades para entrar na área de Ederson que, até ao intervalo, não fez uma defesa. Neste período apenas uma oportunidade, num lance individual de Mitroglou que fez tudo bem, falhando apenas na intensidade do remate, para defesa fácil de Cássio. O Benfica ia recuperando forças e deixava o adversário jogar, mas longe da sua área.

Pizzi leva tudo à frente

Quando a equipa de Luís Castro começava a ganhar confiança e a subir no terreno, o Benfica voltou a acelerar já perto do intervalo e levou tudo à frente. Outra vez Pizzi a assumir a iniciativa, numa rápida investida vertical, para combinar com Rafa, já no interior da área, antes de picar a bola sobre Cássio. Segundo golo no jogo, sétimo de Pizzi no campeonato, beneficiando da ausência de Jonas e da alternância entre Jiménez e Mitroglou, para se destacar como melhor marcador do campeão. Um golo que permitia ao Benfica, acima de tudo, encarar a segunda parte de uma forma bem mais confortável.

Agora era definitivamente o Rio Ave que tinha de atacar e subir as suas linhas, permitindo à equipa de Rui Vitória jogar como mais gosta, com transições rápidas, a procurar explorar a velocidade do trio da frente. Luís Castro assumiu isso mesmo e, logo a abrir a segunda parte, lançou Tarantini e Gil Dias. O Benfica ainda ensaiou nova entrada forte, mas rapidamente cedeu a iniciativa ao adversário que voltou a crescer no jogo. Heldon teve uma oportunidade [remate de primeira, sem a direção desejada], Rúben Ribeiro teve outra [espetacular defesa de Ederson], mas pouco mais.

Ovação para Jonas: Luz não o via há sete meses

Era altura de Rui Vitória também mexer e a Luz reagiu como se de um golo se tratasse. O treinador tinha chamado Jonas que se ia juntar a Mitroglou na frente de ataque, com Rafa a sair do jogo. O brasileiro, que não jogava em casa desde a temporada passada, bem se esforçou para corresponder à ovação dos adeptos, mas é evidente que está longe da sua melhor forma física e, além disso, a conjuntura do jogo também não lhe foi favorável. O Rio Ave estava a perder fulgor, mas não baixava os braços à procura de um golo que pudesse mudar o quadro do jogo. Rui Vitória ainda lançou Jiménez para fazer companhia ao brasileiro, mas a verdade é que já não havia gasolina para novas aceleradelas e os últimos minutos foram um longo bocejo, com um Rio Ave a tentar incomodar, sem o conseguir, e um Benfica já à espera do Natal.  

Ainda antes do apito final, Pizzi foi expulso, de forma, digamos, provocada. O médio já tinha visto um cartão amarelo que o afastava do próximo jogo da Liga com o V. Guimarães, mas, já em tempo de compensação, forçou um segundo, demorando a marcar uma falta, obrigando Rui Costa a mostrar-lhe novo amarelo e consequente vermelho. Desta forma, Pizzi cumpre castigo na Taça da Liga e fica de novo disponível para o embate com os minhotos.

Ainda falta um jogo da Taça da Liga para o «adeus» definitivo a 2016, mas a verdade é que o Benfica vai entrar no novo ano com uma confortável vantagem no topo da classificação.