O sofrimento, por uma vez, compensou. O FC Porto voltou a deixar uma imagem pálida, num final de época em que a equipa parece mais arrastar-se do que jogar. O campeonato não tem interesse para lá do orgulho, numa equipa nada habituada a discutir o terceiro lugar. E o resultado posto em campo é triste e, acima de tudo, intranquilo. Desta vez mudou o desfecho de um argumento visto noutras paragens: o FC Porto foi feliz e venceu em Braga por 1-3.

Quando se fala na felicidade portista destaca-se, apenas, o facto de os golos da vitória, apontados por Carlos Eduardo e Quintero, terem surgido na reta final, quase em cima dos descontos. Porque, feitas as contas, a vitória assenta bem à equipa que mais tempo foi melhor.

Ainda assim, é impossível não pensar que este foi (mais) um jogo em que ao FC Porto teria bastado ser uma equipa competente para levar para casa os três pontos com outra tranquilidade.

Afinal de contas, teve toda uma primeira parte de avanço, oferecida por um rival estranhamente alheado do jogo.

O Sp. Braga não esteve em campo naqueles primeiros 45 minutos. Não fez um remate, não construiu um lance que possa, verdadeiramente, ser chamado por esse nome. Reagiu quando conseguiu. Nunca agiu. Não pensou. Foi muito mau, em suma.

E o FC Porto, por isso, controlou. Parecia, de resto, o adversário ideal para recuperar animicamente uma equipa arrasada pelo trambolhão de Sevilha. O resultado ao intervalo foi, assim, escasso.

Tanto Jackson Martínez como Carlos Eduardo tiveram soberanas ocasiões para marcar, ambas após centro do estreante Víctor García que deixou a sua marca e uma dúvida: não teria valido a pena fazer descansar Danilo mais vezes?

O venezuelano foi uma das oito novidades no onze remendado de Luís Castro. Jorge Paixão também mudou muito, mas menos. Corpo em Braga, cabeças na Luz e Vila do Conde, respetivamente.

Assim, só o golo de Varela, após abertura brilhante de Jackson e finalizado com classe por cima de Eduardo, fez o marcador. Se o Sp. Braga fosse o mesmo na segunda parte seria, certamente, suficiente. Mas não foi.

Braga: tão perto da vitória…que perdeu

E o aviso veio aos…30 segundos. Depois de metade do jogo sem rematar, Pardo ganhou espaço na área e testou Fabiano. Um aviso ou um espasmo? O primeiro, disse Moreno.

O avançado fez o empate de cabeça, após novo trabalho de Pardo na direita, que explorava a inexperiência de Ricardo naquela posição. A jogada começara em Rafa, regressado à competição, um mês depois. Pouco depois foi Éder entrar, em nova boa notícia para Paulo Bento.

O FC Porto respondia a pensar…na Luz. Luís Castro já tinha trocado Fernando por Defour pouco antes de sofrer o empate. Depois poupou Jackson e Varela ao final do embate e apostou em Ghilas e Quintero.

Mensagem fácil de perceber: o FC Porto quer uma Taça, pelo menos, para atenuar esta época de pesadelo.

Por isso, nem se estranhou que, praticamente, não tenha reagido à igualdade bracarense e ainda tenha visto Fabiano, com o pé, evitar que Éder completasse a reviravolta e Rafa desperdiçar após oferta de Abdoulaye. A derrota esteve muito perto. O FC Porto respirou, lambeu de novo as feridas e puxou do brio para vencer o jogo.

Josué centrou para Carlos Eduardo desviar de cabeça e maquilhar nova mostra individual pobre. Quintero, após contra-ataque e contra uma defesa bracarense totalmente descompensada, tirou eventuais dúvidas. 

Para o Sp. Braga fica a confirmação de que o caminho mais curto (e provável) para a Europa é mesmo a Taça.    
Luís Castro saboreira a primeira vitória na condição de visitante e a segunda que o FC Porto consegue na segunda volta da Liga, depois de Barcelos. O segundo lugar continua a ser muito difícil mas o terceiro está mais seguro.