O golo anulado a Marcano na goleada do FC Porto ao Estoril (4-0), depois corrigido pelo vídeo-árbitro (VAR), foi o «único erro claro» detetado pelo projeto VAR nos jogos da primeira jornada da Liga, segundo divulga o Conselho de Arbitragem (CA) que, com o intuito de ajudar a compreender a mecânica da nova tecnologia, divulgou alguns casos e explicou forma como foram interpretados. O golo anulado ao Sp. Braga no Estádio da Luz, por exemplo, não teve interferência do VAR, uma vez que as imagens não permitem esclarecer se Ricardo Horta está ou não em posição regular.

O CA explica que o quarto do golo do FC Porto foi, numa primeira instância, anulado, por indicação do árbitro assistente. Depois de visionadas as imagens, uma vez que todos os golos são revistos pelo VAR, contatou-se, «sem margem para dúvidas», que Marcano se encontrava em posição legal no momento do passe. Um «erro claro», pelo que o árbitro reverteu a decisão anterior, atribuindo o golo ao FC Porto.

Outro lance que suscitou polémica foi o golo anulado a Ricardo Horta no Estádio da Luz, também por indicação do árbitro assistente. O VAR reviu as imagens e considerou que «não é claro que o jogador do Sp. Braga esteja em posição regular no momento do passe», pelo que não deu qualquer indicação ao árbitro. «O lance é de dúvida» e, neste caso, «prevalece a decisão tomada pela equipa de arbitragem».

Neste último caso, o CA recorda que, nesta fase do projeto, «o vídeo-árbitro não tem auxílio das linhas de fora-de--jogo».

Outro lance polémico no Benfica-Sp. Braga é uma alegada falta de Vukcevic sobre Jardel na área do Braga, não assinalada pelo árbitro de campo. «Por se tratar de uma jogada de possível penálti, o vídeo-árbitro verifica. Não existe evidência de que se trata de um erro claro do árbitro, antes uma questão de interpretação sobre o contacto entre os dois jogadores», explica o Projeto VAR.

O Conselho de Arbitragem deu ainda outros exemplos para ajudar a compreender a ação do vídeo-árbitro e os limites do protocolo impostos pelo IFAB, que tem como lema «mínima interferência, máximo benefício»:

V. Setúbal-Moreirense: expulsão de Vasco Fernandes

«O lance aconteceu aos 71 minutos. A decisão foi tomada pelo árbitro do jogo e secundada de imediato pelos assistentes. 1:02 depois, o vídeo-árbitro confirmou: «Tudo ok». Procedimento correto».

Portimonense-Boavista: golo de Rúben Fernandes

«Árbitro valida o golo. Como todos os lances de golo são verificados, VAR analisa três possíveis infrações na mesma jogada e confirma legalidade da decisão do árbitro no relvado. Procedimento correto».

O Conselho de Arbitragem revelou ainda o relatório do jogo da Supertaça Cândido Oliveira, que terminou com uma vitória do Benfica sobre o V. Guimarães por 3-1, em que é possível perceber a forma como Jorge Sousa, o vídeo-árbitro destacado para o jogo, interferiu ou não nas decisões de Artur Soares Dias, o árbitro de campo.

O CA aproveita ainda para reforçar alguns aspetos fundamentais no Projeto Vídeo-Árbitro:

- Todos os árbitros que desempenahm a função de vídeo-árbitro pertencem ao quadro principal.

- Todos os árbitros que desempenhama função de vídeo-árbitro assistente são árbitros assistentes do quadro principal.

- O árbitro no relvado toma sempre uma decisão.

- O vídeo-árbitro deve questionar-se sempre se se trata de um erro claro.

- VAR pode interferir sempre que à equipa de arbitragem escape um incidente relevante (por exemplo, agressões).

- Todos os golos são revistos pelo VAR

- As imagens de todas as câmaras que filmam os jogos chegam, em direto e deforma independente ao vídeo-árbitro.

- O vídeo-árbitro não depende do realizador que produz o jogo para desemoenhar asua função.

- A nomeação dos árbitros para função de vídeo-árbitro é conhecida em simultâneo com a nomeação de árbitros e árbitros assistentes.

- O vídeo-árbitro não tem, nesta fase do projeto, auxílio das linhas de fora-de--jogo.