A figura: Quintero
Segundo jogo seguido em que sai do banco para dar uma face mais colorida ao futebol portista. Se em Lviv contribuiu de forma menos evidente, esta noite o mérito é seu por inteiro, ao fazer o golo que trouxe o FC Porto para a frente do marcador quando o jogo ameaçava complicar-se. Belo golo, aliás. Receção e remate colocadíssimo, de nada valendo a estirada de Matheus. Reclama minutos e, assim, fica difícil que Lopetegui não olhe para ele.

O momento: Brahimi redime-se, Quintero marca
Minuto 57. Brahimi tinha ficado ligado ao golo do Sp. Braga, ao perder a bola que Zé Luís iria meter na baliza. Mas o argelino, até então algo escondido, pagou na mesma moeda ao rival. Ganhou a bola à defensiva bracarense e foi para cima deles, entrando na área e descobrindo Quintero no centro. O resto foi com o colombiano. FC Porto na frente no jogo, de onde não mais saiu.

Positivo: jogo intenso
Se há jogos em que não é aceitável que se abandone mais cedo o estádio (e nunca deveria ser…) este entra para essa lista. Parada e resposta, erros de parte a parte, bolas nos ferros, golos, boas jogadas, perdidas incríveis. Ninguém sossegou até Pedro Proença apitar para o final. Como se costuma dizer: 90 minutos de boa publicidade para a Liga portuguesa.

Negativo: FC Porto ainda treme de mais
Nos primeiros cinco minutos de jogo a posse de bola portista deveria ser superior a 90 por cento. Foi assim que a equipa de Lopetegui entrou em campo: a mandar e a comandar. Um «tiki taka» afinadinho. Mas foi sol de pouca dura. Ao primeira passe falhado a equipa, inexplicavelmente, começa a perder o sentido de jogo. As bancadas enervam-se, os jogadores sentem e tornam a errar. O Sp. Braga dispôs de muitas oportunidades para marcar no primeiro tempo. Mais do que qualquer equipa esta época.

Outros destaques

Danilo
Um míssil à trave foi a face mais visível de mais um jogo em que as preocupações ofensivas superaram as defensivas. Com Rafa a fugir muito da sua zona de ação, ficou sem um homem certo para marcar e aproveitou para fazer a cabeça em água a Tiago Gomes. Antes do remate à trave poderia ter feito melhor num outro lance em que tentou dominar uma assistência de Tello quando se pedia um disparo de primeira. Em cima dos 90, teve o terceiro nos pés mas Matheus levou a melhor.

Tello
Pecados expostos na mesma dose que as virtudes. O FC Porto tem em Tello um repentista capaz de ganhar o flanco, muito forte no um contra um e rápido a explorar as costas da defesa contrária, como fez várias vezes com Tiago Gomes ou Baiano. Mas também tem no ex-Barcelona um complicador na hora de definir. Opta quase sempre pela baliza mesmo que o espaço seja ínfimo e o remate saia, invariavelmente, bloqueado. Em Lviv salvou a nota com a assistência para o segundo de Jackson. Faltou-lhe, esta noite, um lance desses para maquilhar o lado mais cego do seu jogo.

Marcano
Novamente titular na posição de trinco e, tal como com o Shakhtar, mostrou que pode ser solução para aquela posição. A decisão de o retirar ao intervalo só pode ter sido estratégica, porque o rendimento do espanhol era positivo. É certo que não tem o poder de criação de outras opções que Lopetegui poderia usar naquele lugar, mas é muito eficaz no desarme e assertivo no passe. Não complica, em resumo. Numa posição tão nevrálgica é bom que assim seja.

Ruben Neves
Diferente de Marcano e mais útil para o que a equipa queria da segunda parte. Depois de um par de jogos abaixo do que já mostrara voltou a ser o mesmo que tinha feito o país abrir a boca de espanto no início da época. Ter voltado a jogar a trinco não pode ser só coincidência.

Zé Luís
A quem estranha que tenha ganho o lugar a Éder, vai respondendo com golos. Marcou na Madeira, marcou e assistiu contra o Rio Ave, voltou a marcar no Dragão. E nem se pode dizer que foi 100 por cento eficaz, pois as ofertas da defesa portista na primeira parte poderiam ter tido outro prejuízo se a pontaria do cabo-verdiano estivesse mais afinada.

Rúben Micael
No regresso a uma casa que bem conhece, surgiu solto e decidido no relvado. Jogando como vértice mais adiantado do triângulo do meio campo, a posição que prefere, o português obrigou Marcano a atenções redobradas e foi o primeiro a tentar fazer pressão na dupla de centrais portista, aproveitando as sobras dos duelos com Zé Luís. Poderia ter marcado ainda com o jogo a zeros, mas Fabiano negou-lhe a festa. No segundo tempo foi perdendo gás e Conceição trocou-o por Pedro Santos quando quis alargar mais o futebol da equipa.