Dois anos depois o FC Porto regressou ao Jamor para ser feliz.

A última vez que tinha saído do Estádio Nacional a sorrir foi há oito anos, o que parecendo que não é coisa para ser uma eternidade. Desde então só lá tinha voltado uma vez e para perder a Taça de Portugal no desempate por grandes penalidades, frente ao Sp. Braga.

Ora por isso já devia adivinhar-se que a formação portista não tinha assim tantas razões para estar otimista com o facto do Belenenses abandonar o Restelo e mudar-se para o Jamor.

Antes de mais porque os dois estádios têm semelhanças claras, ambos bonitos naquela arquitetura de meados do século passado. Depois, claro, ambos tinham sido recentemente difíceis para a equipa.

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Nos últimos cinco anos, de resto, e a jogar no Restelo, o FC Porto só tinha vencido o Belenenses uma vez, e pela margem mínima. Na última temporada até perdeu, aliás.

Este domingo sofreu como um desalmado antes de soltar o grito de felicidade.

Foi no fim de contas uma vitória arrancada da barriga da mãe a ferros, com dor, com angústia, com ansiedade. Mas no fim saiu um bebé lindo, em forma de vitória, que encheu de sorrisos as caras portistas. Uma vitória daquelas que moralizam e dão um ânimo tremendo. Porque foram sofridas.

O Belenenses, esse, merece todos os aplausos.

As duas primeiras ocasiões de perigo, por exemplo, foram dele. A primeira num remate de Fredy, a segunda numa excelente abertura de Fredy que Keita desperdiçou.

Já servia de aviso, não é?

É certo que a partir daí o FC Porto pegou na bola e teve mais jogo perto da baliza adversária, mas o Belenenses nunca deixou de sair para o ataque e de o fazer com critério. Casillas não conseguiu, aliás, ter uma tarde descansada. Por vários momentos, aliás, pareceu o melhor em campo.

Pareceu o melhor em campo por exemplo quando parou um remate de Licá com uma excelente defesa, logo após o Belenenses reduzir, e segurar a vantagem portista.

Alex Telles nos momentos fundamentais: os destaques do jogo

Ao FC Porto faltou futebol, faltou criatividade, faltou velocidade na frente, faltaram enfim muitas coisas. Fez dois golos de bola parada, o primeiro num cabeceamento após um livre e o último num penálti, e marcou pelo meio de forma algo fortuita, após um passe desastrado de Délcio.

Faltou até tranquilidade para segurar a vantagem de dois golos que conseguiu logo no reatamento da partida e que parecia ser definitiva. A verdade é que deixou o Belenenses ressuscitar e depois teve de correr muito para regressar a casa com a vitória. Acabou por o fazer já nos descontos do jogo, num penálti convertido com toda a frieza de Alex Teles.

No fundo valeu-lhe uma alma imensa, um querer indestrutível, uma vontade do tamanho do mundo.

O FC Porto não jogou bem, mas não deixou que isso fosse importante. Não teve um domingo inspirado, mas venceu na mesma. Por isso saiu de campo a sorrir.

O regresso ao Jamor trouxe-lhe uma daquelas vitórias que valem mais de três pontos.