Duas equipas em momentos de forma bastante distintos – quatro jogos sem perder do Nacional e quatro sem ganhar do Farense – encontraram-se na Choupana, num jogo que teve um início algo periclitante, mas com intensidade em crescendo, e uma segunda parte de luxo.

Aos 14 minutos, a equipa da casa podia ter aproveitado um lapso dos algarvios, numa jogada dividida entre Camacho e Thill, mas o remate do luxemburguês foi travado por Defendi, que desviou para canto.

Desde o pontapé de saída, o Nacional estava mais agressivo no ataque, e seguro na defesa, pressionando o adversário e impedindo a construção de jogo desde o setor mais recuado. Mas a pouca clarividência e precipitação no último terço levou a equipa madeirense a cometer alguns erros que impediam o melhor aproveitamento das jogadas.

Aos poucos, os homens de Faro iam chegando à grande área contrária, conquistando alguns lances de bola parada que, todavia, não criavam perigo. Entre os 20 e os 30 minutos, o Farense assumiu o domínio do encontro, instalando-se no meio-campo adversário, mas sempre sem encontrar o melhor seguimento para as jogadas e praticamente sem incomodar Piscitelli.

Foi preciso esperar pela meia-hora de jogo para que se visse nova reação do Nacional, com um remate do meio da rua de Azouni que obrigou Defendi a aplicar-se para impedir o golo.

A melhor oportunidade para o Farense chegou aos 42 minutos, quando Madi Queta tentou colocar no poste mais distante e rematou para uma estirada impressionante de Piscitelli, na sequência de uma boa jogada com a chancela de Ryan Gauld.

Depois de uma primeira parte sem golos, mas com algum interesse, em que o Nacional esteve melhor durante a maior parte do tempo, o Farense cresceu nos últimos minutos, deixando antever um segundo tempo animado.

No reatamento, os comandados de Jorge Costa reentraram com a mesma intensidade, e o golo esteve bem perto aos 49 minutos, quando Licá surgiu na grande área para rematar rente à relva, passando por baixo das pernas de Piscitelli. Valeu um ligeiro toque do guarda-redes italiano, que fez a bola sair por meros centímetros ao lado, tocando ainda as malhas e dando a ilusão de golo.

Esse foi um autêntico virar de página no jogo, já que o Farense dispôs de três ocasiões bastante claras, com cinco cantos em apenas seis minutos, a levar os homens da casa ao sufoco, antes da estocada final, num golo apontado por André Pinto, aos 51 minutos. De cabeça, o central respondeu da melhor maneira a um pontapé de canto levantado por Lucca, e que Piscitelli não conseguiu travar.

Dois minutos depois, Gauld caiu na grande área, mas o árbitro mandou seguir, antes do início da reação da equipa alvinegra, que teve a melhor oportunidade para equilibrar o marcador aos 56 minutos. Na cobrança de um livre direto, Vincent Thill rematou para o ângulo da baliza de Defendi, no que já parecia um golo certo, mas que o veterano guardião brasileiro desviou para canto, com uma defesa impressionante.

Estava nitidamente mais desenvolto o Farense, e mais atrapalhado o Nacional, quando a formação algarvia chegou ao segundo tento.

Aproveitando um mau passe de Vigário, Madi Queta não se fez rogado perante o desposicionamento dos homens da casa e descobriu Ryan Gauld, livre de marcação à entrada da área. Em posição privilegiada, o escocês não vacilou e atirou para o fundo das redes.

Luís Freire mexeu na estrutura da equipa, procurando recuperar a intensidade ofensiva, mas o golo que reduziu a margem farense foi obtido por um defesa. De fora da grande área, João Vigário encheu o pé e rematou para o fundo das redes, num golo de belo efeito.

Pouco depois, Rochez podia ter dado o empate, mas atrapalhou-se e perdeu a bola pela linha de fundo. No entanto, era claro que o jogo estava vivo e animado na Choupana, com sucessão de ocasiões de golo para ambos os lados, e uma reação da formação da casa que se revelava cada vez mais perigosa, ao passo que, nos contra-ataques, o Farense também ameaçava com o terceiro golo.

Perante o equilíbrio que se evidenciava, o golo do empate não era de descurar e, aos 83 minutos, Rochez cruzou para o interior da grande área, encontrando Pedro Mendes, que desviou para a baliza.

Durou pouco tempo, contudo, o élan insular, porque na cobrança de um livre, o Farense foi mais feliz num lance algo confuso, chegando ao terceiro golo quando parecia ser o Nacional a equipa mais habilitada a completar a reviravolta.

No meio da confusão, Pedro Mendes, que dera a igualdade aos alvinegros, introduziu a bola na própria baliza.

O Nacional ainda procurou reagir nos últimos minutos, chegando com perigo perto da baliza de Defendi, mas sem felicidade suficiente para voltar a nivelar o resultado.

Final eletrizante para um jogo marcado pela intensidade, pelos golos e pela incerteza no resultado.