Simples, eficaz e, acima de tudo, justo. Tudo caracteriza o jogo e o triunfo do Rio Ave sobre o Tondela, este sábado, por 3-1, na estreia de Luís Castro nos Arcos. A crise é tema do passado em Vila do Conde, espantada por dois triunfos consecutivos desde a mudança de treinador. Este sábado, a vitória certa, por números aceitáveis (embora a margem mínima não fosse de descurar) e com períodos de bom futebol, sobretudo na segunda parte.

Essa foi, de resto, uma das características mais vincadas do duelo. Muito melhor o futebol do segundo tempo, curiosamente quando as condições atmosféricas eram bem piores. Caiu muita chuva nos Arcos do intervalo para a frente. Talvez tenha sido ela a trazer a inspiração.

Nem sempre bem jogada, então, a primeira parte teve, porém, um vencedor certo. O Rio Ave foi melhor. Mais dominador, mais esclarecido, mais perigoso. Fazendo jus ao estatuto de equipa da casa, o Rio Ave quis mandar e, efetivamente, mandou durante a maior parte do tempo.

Mesmo que a primeira ocasião de golo até tenha sido do Tondela, numa excelente combinação entre Moreno e Murillo, a que o primeiro não soube dar seguimento, acertando mal na bola, a verdade é que não mais a equipa de Petit criou perigo. Chegou ao intervalo sem remates efetuados.

O Rio Ave, num dos primeiros, marcou. Yazalde, um dos melhores esta tarde, voou na pequena área para desviar um centro de Rafa. Um golo à ponta de lança para alguém que não o é, na verdadeira essência da palavra. Yazalde, de resto, foi uma das três novidades operadas por Luís Castro no onze, todas forçadas. Guedes e Ruben Ribeiro cumpriram castigo, Heldon está lesionado. Todos tinham sido titulares na vitória em Setúbal. Entraram, então, Yazalde, Krovinovic e Kizito. Só este último não justificou a chamada.

Krovinovic foi, mesmo, o melhor em campo esta tarde. Merecia o golo que Cláudio Ramos e a trave lhe negaram no segundo tempo. Ou o golo que entregou numa bandeja a Filipe Augusto para acabar com o jogo nos descontos. Praticamente todo o futebol do Rio Ave passou por ele e a dupla Bruno Monteiro-Fernando Ferreira, do Tondela, viu-se e desejou-se para o fazer parar.

1-0 ao intervalo, 2-1 na segunda parte. Tudo somado dá o resultado final. Mas, como já ficou bem explícito, os segundos 45 minutos foram bem mais interessantes. Sobretudo depois do golo de Gil Dias, num lance individual, de insistência, em que o cruzamento não vingou e, na recarga, o remate entrou mesmo.

Estávamos no minuto 61 e o jogo ficava arrumado. Ou parecia, pelo menos. Veio então o tal míssil de Krovinovic ao travessão, a que o Tondela respondeu na mesma moeda. David Bruno disparou ao poste, na recarga a uma excelente defesa de Cássio, negando o golo a Zé Turbo, entretanto entrado no jogo.

E veio, também, o golo de honra do Tondela. Bruno Monteiro, de cabeça, nos descontos, quando já não havia tempo para mais e, diga-se, seria pena demasiado dura para os de Vila do Conde. Aliás, houve tempo sim, mas para Filipe Augusto fazer o terceiro, em contra-ataque desenhado por Krovinovic, com o Tondela todo balanceado para a frente.

Capitalizando o triunfo na estreia, Luís Castro dá seguimento com nova vitória que deixa a equipa onde quer estar: longe das aflições e perto dos lugares europeus. Respondeu à letra ao triunfo do Marítimo e igualou o rival, no sexto lugar, com 17 pontos. Só o Desp. Chaves pode passa-los.

Quanto ao Tondela, depois da época vitória frente ao V. Guimarães, a segunda seguida se lhe somarmos o triunfo da Taça, não lhe deu seguimento fora de portas, num terreno onde até tinha ganho na época passada e perante um adversário com quem nunca tinha perdido.

Há sempre uma primeira vez. Foi esta tarde. E, terminando como começamos, foi justo.