O Sporting ultrapassou uma daquelas noites de ronha, em que não apetece fazer nada porque não há vontade de fazer, uma noite de preguiça e apatia, de marasmo e sonolência, de desânimo, enfim.

Uma noite que acontece de vez em quando.

O Sporting ultrapassou uma dessas noites, portanto, e venceu com um golo marcado de penálti. Tem razões para estar feliz, porque com um pouco mais de azar podia estar a chorar dois pontos.

A equipa até entrou bem no jogo. Marcou por exemplo logo aos treze minutos, num penálti de Bas Dost por falta de Florent sobre Podence, já depois do mesmo Bas Dost ter falhado uma boa ocasião.

Mas a partir daí tornou-se estranhamente apática e denunciada, perdeu muitas bolas fáceis, falhou passes, não saiu bem para ataque e deixou o Belenenses manter o jogo vivo até ao último minuto.

Jorge Jesus antecipou bem o que ia ser este jogo, adivinhou que o Belenenses ia defender com todos os homens atrás da linha da bola, imaginou que ia faltar espaços e que era necessário portanto criar uma dinâmica que permitisse inventá-los.

Por isso colocou Acuña e Gelson Martins a jogar mais como interiores do que como extremos, a surgir constantemente em espaços interiores, a puxar com eles os laterais adversários e a criar espaços para as subidas de Fábio Coentrão, na esquerda, e com o desvio de Podence, na direita.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

A ideia era que Coentrão e Podence aproveitassem o espaço aberto pelo jogo interior dos extremos para darem profundidade ofensiva à equipa e para criarem bolas para Bas Dost finalizar na área.

Na teoria, portanto, estava tudo muito bem.

A prática não correu tão bem porque o futebol do Sporting não teve a velocidade que necessitava. Havia sempre alguma imprecisão: um passe demasiado adiantado, uma receção mal feita, enfim.

Por isso, para além do golo e do tal cabeceamento de Bas Dost ao lado, o Sporting saiu da primeira parte com apenas mais uma ocasião clara de golo: um remate de Acuña por cima da barra apos um excelente trabalho de Bruno Fernandes na direita.

O Belenenses, esse, nunca se limitou a defender.

Quis jogar, quis procurar o golo, quis arriscar. Ficou perto de marcar num livre de André Sousa que saiu a rasar o poste e voltou a ameaçar na segunda parte em dois ou três remates perigosos.

Bruno Fernandes, pelo menos correu: veja os destaques da partida

Primeiro em saídas rápidas para o ataque, depois em ataque continuado, numa segunda parte em que a equipa surgiu mais dominadora, subida no terreno e autoritária, a formação de Domingos não deixou de jogar, de ameaçar, de instalar receio em Alvalade e motivar alguns assobios.

É verdade que o Sporting também teve algumas ocasiões de golo na segunda parte, Bruno Fernandes rematou por duas vezes com perigo, William falhou na cara de Muriel.

Tudo isso é verdade mas não retira do jogo aquela sensação que o Sporting foi feliz sem jogar bem. Talvez por isso os adeptos tenham aplaudido com tanto alívio o final do jogo.

Os campeões também se fazem de vitórias assim.