O Sporting chegou atrasado a um encontro que já não foi a tempo de vencer: com isso frustrou a expetativa de terminar o campeonato sem derrotas caseiras.

Já é a segunda expetativa que a equipa frustra em oito dias. No último sábado, recorde-se, perdeu na Choupana a oportunidade de igualar o recorde de onze vitórias fora de casa num campeonato.

Desde que garantiu o segundo lugar, portanto, o Sporting não voltou a ganhar.

Do lado bom da história ficou um Estoril que merece todos os elogios. Uma equipa que repetiu um feito com barbas grandes e grossas: desde o tempo da grande guerra, em 1945, que o Estoril não ganhava em Alvalade. Ganhou esta tarde, é verdade, e encerrou com classe uma época admirável.

Nesta altura é preciso sublinhar que a vitória do Estoril não caiu propriamente do céu: foi construída sobre alicerces seguros, naquele futebol rendilhado, de toca e foge, personalizado e seguro.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

A equipa de Marco Silva, já se sabia, não se intimida com ambientes difíceis e não abdica daqueles princípios saudáveis. Sabe ocupar os espaços, estender-se no terreno e trocar a bola. Durante vários minutos da segunda, aliás, quando o Sporting tinha pressa em chegar ao ataque, o Estoril estabilizou no meio campo adversário e trocou a bola com agilidade ao som dos assobios das bancadas.

Ora por tudo isso vale a pena voltar ao início da crónica para dizer que foi o pior encontro possível para o Sporting chegar atrasado.

A equipa leonina entrou indecisa e logo aos quatro minutos Marcos Rojo cometeu penálti sobre Bruno Lopes. Evandro converteu a grande penalidade e colocou o Estoril na frente. Passado poucos minutos, Carlitos cruzou da direita e Bruno Lopes cabeceou a rasar o poste.

Só dava Estoril.

Um penálti algo duvidoso de Tiago Gomes sobre André Martins permitiu a Adrien Silva empatar o jogo, mas o médio atirou para defesa de Vagner. Parecia correr tudo mal ao Sporting, mas o certo é que depois disso a equipa acordou. Continuou a ter perdas de bola infantis, passes mal medidos e um rara descoordenação, mas pelo menos ficou com a posse de bola e ameaçou o adversário.

Um remate de André Martins obrigou Vagner a excelente defesa, por exemplo.

Leonardo Jardim já tinha trocado Carrillo por Carlos Mané, ao intervalo trocou William Carvalho (exibição fraca) por Slimani e a verdade é que o Sporting apareceu finalmente de corpo inteiro na segunda parte. Teve pressa, teve pressão e teve futebol junto da baliza de Vagner.

Jefferson atirou a rasar o poste, Slimani cruzou à trave e o mesmo Slimani cabeceou em boa posição à figura de Vagner. O Sporting melhorou porém.

A estrela Vagner, e Shikabala para animar as bancadas

Depois veio a melhor notícia da tarde para os adeptos leoninos: Shikabala. Alvalade aplaudiu como não tinha aplaudido nunca este domingo, encheu-se de euforia e animou-se. O egípcio, mesmo sem ritmo, mostrou técnica e vontade, mas já era demasiado tarde para evitar a primeira derrota caseira.

O Sporting termina o campeonato com apenas uma vitória sobre os cincos primeiros: em oito jogos com os rivais europeus, perdeu três e apenas ganhou em casa ao FC Porto.

O segundo lugar foi ganho frente aos adversários mais frágeis, e bem ganho: talvez reconhecidos por isso, os 36 964 adeptos despediram-se da equipa com aplausos. Para o ano é época de Champions.

O Estoril, esse, termina em quarto, a vinte pontos do campeão e com apenas menos sete do que o FC Porto (perdeu menos jogos aliás do que os azuis e brancos). Jogou bom futebol, ganhou quinze jogos e confirmou (até em Alvalade) ser uma equipa que vale muito a pena.