A presidente do Rio Ave, Alexandrina Cruz, abordou as dificuldades financeiras do clube e revelou que a equipa entrou para a partida contra o Boavista, da 21.ª jornada da Liga, com salários em atraso.

«Salários em atraso? Sim. Tive oportunidade de dizer na Assembleia-Geral que fomos para o jogo com o Boavista (10.ª jornada) com jogadores, treinadores, médicos e toda a estrutura do futebol de formação com dois meses de salários em atraso. Os funcionários nunca tiveram salários em atraso, apenas um atraso de dez dias, em setembro», referiu, em entrevista à TSF.

A responsável máxima do emblema de Vila do Conde destacou o papel do plantel para que os funcionários não tivessem sofrido com a situação.

«Falámos com os capitães numa fase inicial e depois com toda a estrutura do futebol. Numa conversa com os quatro capitães disse-lhes que não havia dinheiro para pagar a todos, apenas alguma margem para os vencimentos dos funcionários... Eles de uma forma muito simples e aberta disseram que são os funcionários que diariamente possibilitam as condições para continuarem a trabalhar, e como tal não faria sentido que ficassem sem receber», partilhou. 

«Sim, quem está no negócio do futebol percebe que a emoção está sempre acima de outro sentimento. Apesar deste momento difícil temos um bom ambiente de trabalho... Até é complicado acreditar, mas é o que acontece. Para mim é um privilégio ser a presidente deles», acrescentou.

Alexandrina Cruz abordou a passagem de uma SDUQ para uma SAD e explicou ainda como surgiu a hipótese do milionário Evangelos Marinakis entrar na nova Sociedade Anónima Desportiva com a compra de 80 por cento do capital social.

«Este contacto surgiu pelo reaproximar de parcerias do passado. Parcerias que, para mim, foram muito importantes e que, no passado, já nos fizeram crescer muito. Ficaram de alguma forma suspensas num passado recente. Felizmente, conseguimos reanimar essas parcerias. Falo em concreto da Gestifute e de Jorge Mendes. Somos sempre mais forte com estas parcerias. Foram meses de muita angústia», contou.

A dirigente refere o investidor grego «quer dar grande tranquilidade ao Rio Ave», mas que o negócio ainda tem arestas por limar.

«Efetivamente este negócio ainda pode cair, seja do lado do Rio Ave ou da parte do investidor. As questões macro deste negócio estão definidas, mas temos de acertar pormenores. Para o investidor é fundamental que o mercado de janeiro esteja aberto, essa é uma situação que me preocupa, estamos com pouco tempo. Neste momento, o Rio Ave está numa situação em que não pode contratar jogadores. Por isso, até janeiro temos que resolver um conjunto de coisas para inverter essa situação. Essa é uma premissa para o investidor avançar», concluiu.