O FC Porto saiu derrotado do reduto do Rio Ave (3-1) na 4.ª jornada da Liga 2022/23. Depois dos sinais de alerta na deslocação a Vizela, os campeões nacionais voltaram a demonstrar apatia em momentos cruciais do jogo e chegaram ao intervalo com três golos encaixados, sem capacidade de resposta.

Aziz, com dois golos e uma assistência, foi a figura de um Rio Ave que surpreendeu os dragões ao longo da primeira parte, desdobrando-se num 3x4x3 que deixava Pepe e Marcano com dois avançados pela frente (Fábio Ronaldo derivava entre a esquerda e o centro), bem apoiados pelos lateral ofensivos da formação vila-condense, Costinha e Pedro Amaral.

A FICHA DE JOGO E AS NOTAS ATRIBUÍDAS AOS JOGADORES

Sérgio Conceição desesperou na etapa inicial, baralhou e voltou a dar mas não conseguiu mais do que um golo tardio, já em período de descontos, por intermédio de Toni Martínez. Muito pouco para uma equipa que tinha demonstrado tremenda eficácia no clássico. Desta vez, foi o adversário a apresentar números altos nesse capítulo.

Antes do triunfo com o Sporting, o treinador do FC Porto fez questão de elogiar Iván Marcano, autor de dois golos nas duas primeiras jornadas da Liga. «Há dois meses davam-no como acabado para o futebol», lembrou. O espanhol resistiu até à 4.ª jornada, é certo, ganhando a corrida a David Carmo. Porém, neste domingo, Marcano foi o principal réu de uma noite horrível da defensiva azul e branca.

OS DESTAQUES DO RIO AVE-FC PORTO (3-1)

Marcano vai ter pesadelos com Aziz

Encarregue da marcação a Aziz, o experiente defesa nunca conseguiu anular o jovem avançado ganês. Os três golos do Rio Ave, aliás, tiveram estas duas personagens em comum. Longe de serem as únicas, naturalmente.

Luís Freire colocou Fábio Ronaldo na esquerda, dando liberdade ao atacante para juntar-se a Aziz ao centro com regularidade, baralhando as marcações. No lance do 1-0, por exemplo, foram necessários apenas três jogadores e dois toques na bola para ultrapassar o bloco defensivo do FC Porto.

Fábio Ronaldo apareceu ao centro – entre Uribe e Pepe – e respondeu com um grande toque de primeira a um passe de Costinha. Com Pepe a meio do caminho, Aziz fugiu a Marcano a finalizou. Depois da boa entrada do Rio Ave, o FC Porto tinha assumido a iniciativa de jogo, mas a equipa de Vila do Conde não se encolheu em absoluto e chegou a lançar um par de ameaças antes do 1-0 (22m).

Os dragões quebraram por completo. Ainda festejaram por instantes o empate, enquanto Evanilson introduziu a bola na baliza do Rio Ave (29m) partindo de posição irregular, sem afastarem o mau pressentimento entre os seus adeptos. De facto, pouco depois, Aziz fez um túnel a Iván Marcano e entrou na área, cruzou rasteiro para o segundo poste e Pedro Amaral surgiu em esforço a finalizar (33m).

Mérito total da formação orientada por Luís Freire. Em vantagem, os homens de Vila do Conde não perderam por um momento a coragem, o arrojo, a confiança na capacidade para infligir mais danos a um adversário que esteve verdadeiramente irreconhecível.

A mudança de planos sem resposta à altura

Sérgio Conceição desesperava no banco de suplentes e o 4x4x2 losango já parecia uma má ideia, perante a total ausência de ligação entre os dois homens mais avançados, algo já visto no clássico, aliás. Taremi e Evanilson, pouco inspirados, abriam nas alas e ficavam demasiado afastados da baliza, sobretudo o iraniano, dependendo em demasia das aparições de Pepê.

Enquanto o treinador do FC Porto pensava numa revolução para a etapa complementar, João Mário – mais uma exibição cinzenta do lado portista - perdia um duelo com Pedro Amaral e permitia um cruzamento perfeito do lateral esquerdo do Rio Ave para a cabeça de Aziz. Nas costas de Marcano, claro está, o ganês finalizou de cabeça e cavou ainda mais o fosso.

Três alterações ao intervalo e um novo desenho tático: Galeno, Verón e Toni Martínez para um 4x2x4, com Pepê a recuar para lateral direito. Conceição abriu o jogo, mas teve de recuar o principal elo de ligação entre o meio-campo e o ataque.

Subjugados às leis de Murphy, os campeões nacionais ainda viram Mehdi Taremi falhar um castigo máximo, assinalado por pretensa mão na bola de Costinha ao minuto 59. Seria o momento ideal para o FC Porto regressar ao jogo, com mais de meia-hora pela frente, mas a noite não era azul e branca e, verdade seja dita, o Rio Ave não merecia terminar a jornada com menos que três pontos.

Jonathan respondeu com mestria às investidas de Verón (66m), Toni Martínez (71m) e André Franco (90+2m), chegando apenas tarde a uma bola cabeceada por Martínez aos 90+3m, após cruzamento de Pepê…na esquerda.

Galeno foi menos incisivo do que em entradas em campo anteriores e a formação de Vila do Conde conseguiu ir levando a água ao seu moinho, fruto de um enorme acerto defensivo e de uma coesão à prova de fogo.