Com um golo em tempo de compensação, Salvio conseguiu manter intata a afirmação de Rui Vitória no lançamento deste jogo: «Não acabou!». Menos de uma semana depois do clássico, o Benfica está de volta ao topo da classificação, mas teve de sofrer até ao limite para somar três pontos na Amoreira. Depois de uma entrada sufocante e de um golo madrugador de Rafa, os canarinhos conseguiram equilibrar o jogo e chegaram mesmo ao empate na segunda parte. O jogo ficou partido, com Rui Vitória a arriscar tudo nos últimos instantes e a ser compensado com um golo do argentino que volta a colocar toda a pressão sobre o FC Porto que, na segunda-feira, recebe o Vitória de Setúbal. Um jogo com uma emoção crescente, com momentos de apreensão, euforia, desilusão e festa em tons de vermelho no final.
O Benfica entrou no jogo a todo o gás, com Cervi, Zikovic, Pizzi, Rafa em movimentos verticais a partirem todas as barreiras que Ivo Vieira preparou para este jogo. Uma entrada determinada e em velocidade a baralhar todas as marcações dos canarinhos que não tinham mãos a medir para travar a intensidade e velocidade que o Benfica impunha em campo. Num passe de rotura de Zivkovic, Rafa, com uma impressionante mudança de velocidade, deixou toda a gente a jogar em câmara lenta e foi por ali fora até bater Renan como quis. Dez minutos de jogo e o Benfica estava em vantagem, mas o sufoco prosseguiu intenso, com o Estoril, que se apresentou com duas linhas de quatro, com Gonçalo no meio e Ewandro na frente, a recorrer a muitas faltas para travar o ímpeto inicial dos encarnados.
Pizzi e Zivkovic aproveitavam muito bem os espaços entre linhas, depois abriram jogo para as alas, por onde desciam os laterais, com destaque para as iniciativas de André Almeida sobre a direita. No lado esquerdo era Cervi que fazia a cabeça em água a Fernando Fonseca. O Benfica colocava em campo todos os recursos e o Estoril, sem conseguir acompanhar o ritmo, sentia tremendas dificuldades para travar a dinâmica dos visitantes. Foi assim durante quase trinta minutos, até o Benfica levantar o pé para respirar. Só nesta altura é que os canarinhos conseguiram esboçar um ataque à baliza de Varela, com Allano a rematar cruzado e a bola a passar perto do poste.
O jogo prosseguiu com muitos choques, muito físico. Allano teve de receber assistência na sequência de uma entrada de Grimaldo, Jiménez, atingido pelo cotovelo de Ailton, teve de deixar o campo para estancar o sangue debaixo do olho, enquanto Gonçalo teve mesmo de ser substituído. Era um jogo para homens de barba rija, para meter o pé, resistir ao choque e seguir em frente. Foi assim, duro, até ao intervalo.
Na frente de ataque, Jiménez esforçava-se para fazer esquecer Jonas e teve duas ocasiões soberanas para marcar. Primeiro depois de ganhar uma bola em zona proibida, com o Benfica a invadir a área em vantagem numérica [três para dois], mas sem conseguir tirar proveito dessa situação. A fechar a primeira parte, o mexicano voltou a aparecer destacado na frente para acorrer a uma bola longa, Renan saiu de entre os postes, mas o avançado chegou primeiro, de cabeça, mas a bola passou ao lado.
Allano ameaça, Halliche concretiza
O Estoril, entretanto, tinha mudado a sua formação inicial, com Ivo Vieira, a aproveitar a lesão de Gonçalo para dar uma referência ao ataque canarinho, lançando Bruno Gomes para a frente, com Ewandro a cair para a esquerda e Eduardo a recuar para o centro. Uma mudança que quase trouxe dividendos no arranque da segunda parte, com os de amarelo a entrarem bem e a colocarem a bola nas redes de Varela, com um desvio de Allano. Grande festa entre os adeptos canarinhos, bola o centro e intervenção do VAR a dizer que o brasileiro estava adiantado em relação à defesa do Benfica. Não valeu.
O Benfica respondeu logo a seguir, aumentando novamente a velocidade pelas pernas de Rafa que, em poucos minutos, criou duas ocasiões claras de golo. Na primeira invadiu a área e assistiu Zikovic que rematou colocado para defesa apertada de Renan. Na segunda, ainda mais rápido, optou pelo remate e o guarda-redes, em bom plano, respondeu com a defesa da noite. O jogo recuperava a intensidade da primeira parte, mas agora com um Estoril mais disponível para responder na mesma moeda.
Na sequência de um livre de Eduardo sobre a esquerda, bola no segundo poste, aos pés de Halliche que bateu Varela. Desta vez valeu. Um golo que moralizou ainda mais o Estoril que, depois do empate que o Paços cedeu diante do Belenenses, até podia sair da zona de despromoção. A equipa de Ivo Vieira cresceu em campo, ganhou confiança e aproveitou o adiantamento dos jogadores do Benfica para nova ocasião flagrante, com Lucas Evangelista a sentar André Almeida e a rematar ao poste. Rafa levou depois os adeptos encarnados ao desespero ao desperdiçar nova oportunidade apenas com Renan pela frente.
Tudo no assador até ao churrasco argentino
Sentia-se a emoção que vinha das bancadas e Rui Vitória aproveitou um momento em Renan estava a receber assistência para lançar Salvio, desta vez para o lugar de Cervi, mantendo Rafa em campo. Os adeptos encarnados voltaram a levantar-se quando Jiménez rematou à meia volta contra Dankler, a bola sobrou para Rafa que, com a baliza à mercê, permitiu a interceção de Fernando Fonseca. Nova interrupção para Renan receber assistência e mais uma alteração no Benfica, com Rui Vitória a prescindir de Pizzi para juntar Seferovic a Jiménez. O Benfica ficava claramente partido em dois mas, a dez minutos do final, era a altura para arriscar tudo.
No entanto, do outro lado, estava um Estoril, mais equilibrado e pouco disponível para deixar escapar o ponto que tanto trabalho lhe deu a conquistar. O Benfica jogava agora com bolas longas para a área de Renan, enquanto o Estoril procurava sair a jogar e até chegou a ameaçar a reviravolta no marcador. Já em tempo de compensação, foram dados sete minutos, Grimaldo cruzou e Salvio levantou o estádio com uma cabeçada certeira.
O Benfica volta, pelo menos por 48 horas, ao topo da classificação, enquanto o Estoril, em zona de despromoção, afunda-se ainda mais no fundo da tabela.
Confira o resumo do jogo:
