Chuva, frio, noite cerrada e um relvado pesado e longe do que devia ser o normal para a prática deste desporto a que chamamos futebol.

As condições que o Sp. Braga encontrou este domingo em Arouca foram em tudo diferentes àquelas que enfrentou a meio da semana, na casa do Real Madrid, naquele que foi um dos jogos mais importantes da história recente – pelo menos – dos bracarenses.

Por isso, se havia partida em que a tal conversa da «mudança de chip» podia vir à baila, era esta. Mas o Sp. Braga não permitiu esse falatório e venceu por 1-0, adensando a crise da equipa de Daniel Ramos.

De Madrid a Arouca, a tal «mudança de chip»

Face a essa derrota com os merengues, Artur Jorge desfez o ataque móvel que se apresentou no Santiago Bernabéu e deu a titularidade a Banza na frente do ataque, assim como a André Horta ao lado de João Moutinho no duplo pivot do meio-campo.

No Arouca, lanterna-vermelha da Liga, Daniel Ramos fez três alterações: Matías Rocha, Tiago Esgaio e Cristo deram o lugar a Milovanov, Weverson e David Simão. Isso e a aposta num sistema de quatro defesas, para dar outra robustez ao meio-campo.

FILME E FICHA DE JOGO.

Mas o chip foi bem mudado, e a verdade é que foi um Sp. Braga sério aquele que entrou em campo no Municipal de Arouca. No meio, Moutinho, experiente como poucos, foi controlando quase todo o jogo minhoto. E isso permitia aos artistas da frente preocuparem-se sobretudo em criar mossa na baliza adversária.

Mesmo com a inspiração longe do que já demonstrou noutras alturas, o ataque gverreiro foi conseguindo, aqui e ali, testar a atenção de Arruabarrena, perante um Arouca que voltou a demonstrar muitas dificuldades em ataque continuado – Mujica foi o recurso quase sempre utilizado, através do contra-ataque.

Nesse aspeto, Álvaro Djaló foi o elemento mais do Sp. Braga, como aliás tem sido tantas vezes. A decisão nem sempre foi a melhor, mas o espanhol foi um quebra-cabeças para a defesa adversária, principalmente através do livre.

E antes que o duelo se arrastasse para outras dimensões, Djaló marcou numa bela jogada coletiva, aos 36 minutos, e deu vantagem à equipa de Artur Jorge.

Metade do caminho estava feito, agora faltava a outra metade. E essa metade não é de somenos. Num relvado a ficar cada vez mais pesado e em condições difíceis – a chuva não ajudou –, previa-se um futebol cada vez mais físico e menos rendilhado.

No fundo, era preciso que os artistas do Sp. Braga vestissem o fato de macaco, quatro dias depois de desfilarem o equipamento bracarense no Bernabéu.

Desafio aceite e... completado.

O Arouca, é justo dizê-lo, foi tentando inverter o rumo dos acontecimentos, principalmente através do incansável Raja Mujica. Mas quer fosse pela pouca assertividade ofensiva, quer pela segurança que Matheus ia exibindo, não conseguiu fazer o golo que permitisse uma reentrada na discussão dos três pontos.

E por isso o Sp. Braga fez o que ainda não tinha feito, isto é, não sofreu golos numa partida da Liga, e segurou o triunfo na noite cinzenta de Arouca.

Fica agora a assistir no sofá ao desfecho do dérbi entre Benfica e o Sporting, enquanto adensa a crise de resultados do emblema arouquense: são agora sete derrotas consecutivas para o campeonato, o último lugar do campeonato e uma dúvida cada vez maior sobre o futuro de Daniel Ramos ao leme do clube.