Há muito que os destinos – bem diferentes, diga-se – de Sp. Braga e Santa Clara parecem estar traçados. Na tarde deste domingo foram dados passos nesse sentido. Os arsenalistas venceram de forma natural (5-3) os açorianos, ainda que de forma mais atribulada do que seria de esperar, dando mais um passo determinante para agarrar um lugar na Liga dos Campeões na próxima temporada.

Depois de seis longos meses sem somar qualquer triunfo, após 21 jogos sem saber o que era ganhar, o Santa Clara teve direito a uma espécie de derradeira prova de vida na última ronda, ao bater em casa o Gil Vicente. Até fez por entrar acutilante na pedreira, a disputar cada lance com afinco, mas bateu de frente com um Sp. Braga de outro calibre. Nem o empate a três, a cinco minutos dos noventa, foi suficiente para os açorianos tirar dividendos de um bom jogo.

Aos dez minutos o Sp. Braga esticou o seu futebol até à área da equipa que viajou desde os Açores, abrindo o ático por Ricardo Horta. Cruzamento de Iuri Medeiros, rasteiro, o capitão dos guerreiros nem recebeu da melhor forma, mas no interior da área teve tempo para tudo e enquadrou-se com a baliza, atirando a contar.

Ainda deu um suspiro o Santa Clara. De uma reposição de bola em jogo o guarda-redes Gabriel Batista isolou Ricardinho, que quando preparava o remate acabou pisado por Paulo Oliveira. Após ver as imagens Vítor Ferreira apontou para a marca dos onze metros, dando a Babi a oportunidade para restabelecer a igualdade. Penálti indefensável, colocado e em força.

Por instantes o Santa Clara lançou a dúvida na pedreira. Dois cruzamentos venenosos da esquerda deixaram a defesa montada por Artur Jorge em apuros. Mas, as forças são, definitivamente, demasiado desiguais. Demasiado desiguais para fintar o destino. Foi uma questão de tempo até o Sp. Braga amarrar o jogo.

Os bracarenses cresceram, encostaram o Santa Clara à sua área, acumularam cantos e aproximações perigosas à baliza de Gabriel Batista. O segundo da tarde para o Braga chegou à lei da força, imposto por Niakaté na sequência de um canto. Sequeira cruzou junto à quina da área, o central foi com tudo para a bola e recolocou os arsenalistas na frente.

Ainda antes do intervalo, num dos últimos seis minutos de compensação, a dar seguimento à força de Niakaté o Sp. Braga fez o terceiro com a classe de Abel Ruiz. Lançado por Bruma, isolado o espanhol driblou o guarda-redes e abanou novamente as redes, demonstrando a versatilidade deste Sp. Braga.

O resultado estaria feito quando as duas equipas se encaminharam para o intervalo. É certo que durante um largo período a segunda metade teve poucos minutos de interesse, mas um quarto de hora impróprio para cardíacos ainda lançou a dúvida. O Santa Clara teve mérito e marcou dois golos num quarto de hora, empatando a partida ao minuto 85. Babi voltou a marcar de penálti e na sequência de um canto foi Boateng a sonhar com o empate. Sonhar. Porque, tal como já demonstrou por várias vezes esta época, o Sp. Braga não se deixou abater. A última vaga guerreira teve força, nos pés de Bruma e Pizzi, para abanar com a pedreira e amarrar o triunfo de forma estonteante nos últimos minutos.

Por momentos, tentou-se fintar o destino. Mas, apenas foram dados passos em direção a esse mesmo destino. O Sp. Braga pode carimbar na próxima jornada um lugar de Champions. O Santa Clara pode ser despromovido na próxima ronda ao segundo escalão.