A derrota no dérbi com o Benfica não chegou a ameaçar deixar ressaca por uma razão muito simples: porque Slimani não o permitiu.

O que faz sentido, sendo muçulmano foge do álcool mais do que qualquer outro companheiro.

Mas enfim, trocadilhos duvidosos à parte interessa dizer que sim, Slimani estava com a cabeça leve, levezinha, quando entrou em campo e resolveu em menos de três quartos de hora um encontro que podia tornar-se complicado.

Sempre disponível para o jogo, sempre concentrado, correu como um louco, foi a todas as bolas, deu cabo do juízo aos adversários, marcou o primeiro golo num remate de fora da área e fez o segundo num gesto perfeito nas alturas.

Confira a ficha de jogo e as notas dadas aos jogadores

No fundo, lá está, voou como uma borboleta e picou como uma abelha, para utilizar a expressão popularizada por outro muçulmano que Slimani gosta de citar: Muhammad Ali.

O Sporting, esse, tinha começado o jogo cheio de vontade de corrigir aquela derrota dolorosa, por isso entrou a mandar no jogo, a ser agressivo, a ter pressa em fazer as coisas.

Os sinais eram bons, sim, mas nada foi tão determinante como o primeiro golo aos seis minutos, quando Slimani recebeu uma bola aliviada por Yohan Tavares, ameaçou de pé esquerdo e atirou de pé direito ao ângulo. Uma entrada perfeita, que colocou as batidas cardíacas no ritmo certo.

A partir daí o Sporting tranquilizou, obrigou o Estoril a dividir o jogo e, enfim, ficou com o caminho aberto para fazer um bom jogo. Que efetivamente fez.

Muito forte no meio campo, onde contou com a agressividade de William e Aquilani, bem apoiados pelos gigantes Coates e Ruben Semedo, para ganhar várias bolas divididas, o Sporting foi impondo o futebol no meio-campo adversário. A partir daí lutou por toda as jogadas como se fossem as últimas.

No fundo foi isso, um Sporting mais forte do que espetacular, mais intenso do que artístico, mais trabalhador do que inspirado. Empurrou o jogo para o meio campo adversário, não deixou o Estoril jogar, dividiu as jogadas e ganhou muitas bolas em situação ofensiva, que transformou em ataques.

Slimani, claro: veja os destaques do jogo

Com esse futebol musculado, a formação leonina foi sendo melhor, foi criando situações de finalização e desperdiçou até uma excelente ocasião por Ruiz, antes de Slimani voar por cima de Babanco para fazer o segundo golo. Imediatamente antes do intervalo.

A segunda parte não foi tão intensa, mas continuaram a ser do Sporting as melhores ocasiões de golo, sobretudo quando João Mário e Slimani surgiram na cara de Kieszek e não conseguiram marcar. Não matou então aí o jogo e acabou os noventa minutos a sofrer.

Isto porque Léo Bonatini aproveitou uma bola parada para fazer o golo do Estoril e lançou emoção para os minutos finais. Nessa altura, é bom dizê-lo, valeu Rui Patrício a travar o empate.

Mas nem esses dez minutos finais chegaram para retirar justiça ao triunfo leonino e valor à capacidade matadora de Slimani, um homem que voa como uma borboleta, pica com uma abelha e decide jogos como um leão: um senhor leão que recusa dar a luta na selva por perdida.