O Sporting despediu-se da pré-temporada com uma vitória, a segunda em dois jogos particulares realizados em Alvalade. Por isso manteve o Troféu Cinco Violinos em casa.

Pode dizer-se portanto que Alvalade é música para embalar.

Depois de um estágio errático na Suíça, que significou três derrotas e dez golos sofridos em quatro jogos, depois também de ter perdido o amigável com o V. Guimarães por números escandalosos, o Sporting prepara-se enfim para trabalhar o primeiro jogo oficial em cima de um triunfo.

Para o que se viu nesta pré-temporada não é bom: é muito bom. Só não é suficiente para afastar todos os receios de Alvalade: para isso, meus senhores, ainda é curto.

Este sábado, por exemplo, frente a um adversário limitado, que apresentou uma frente de ataque com uma média de idades que não chegava aos 20 anos (dois jogadores de 18, um de 19 e um de 24), frente a um adversário limitado, dizia-se, o Sporting mostrou dificuldades em construir.

Dominou o jogo todo, é verdade, teve quase sempre mais bola, mais vontade, mais iniciativa, mas nunca foi uma avalancha de jogar futebol.

Confira a ficha de jogo e o relato ao minuto

No fundo, parece, o Sporting está a acusar a perda das duas referências fundamentais: William e Adrien. Não quer isto dizer que Battaglia e Bruno Fernandes não estiveram bem, estiveram sim, mas William e Adrien são internacionais, são jogadores consagrados. Naturalmente é outra coisa.

Depois há um problema que não é colateral: um problema com os laterais. Fábio Coentrão ainda procura a melhor forma, o que é normal para quem esteve tanto tempo parado, enquanto Piccini é insuficiente ofensivamente: uma arrancada na segunda parte não disfarça as dificuldades em apoiar o ataque e ganhar, por exemplo, a linha de fundo várias vezes durante um jogo.

Por falar em Piccini, interessa dizer que catorze pombas que pousaram perto da área de Rui Patrício, na segunda parte, causaram mais problemas à Fiorentina do que o lateral italiano.

Sintomático, portanto.

Ora ficando curto pelas alas, até porque Gelson e Acuña não podem fazer tudo, a equipa perde capacidade de explorar os espaços. Aquela vertigem da primeira época de Jorge Jesus, na qual os extremos jogavam por dentro para convidar os laterais a surpreender, está distante deste Sporting.

Sobra portanto talento individual. Sobra Gelson Martins, Podence, Acuña e Bas Dost.

A equipa vive muito da inspiração dos seus melhores jogadores para criar perigo.

Vive por exemplo de iniciativas como aquela de Podence na primeira parte a tirar Astori da frente com um nó cego para rematar para grande defesa de Sportiello.

Vive, também, da meia distância de Bruno Fernandes, que esta tarde ameaçou marcar por duas vezes, uma das quais obrigou o mesmo Sportiello à defesa do jogo, numa excelente estirada.

Destaques: Battaglia e Acuña a marcar pontos

Vive também, já agora, das bolas paradas: sobretudo porque Acuña as bate muito bem, com a precisão, a tensão e a velocidade certas. Foi num canto batido pelo argentino, aliás, que o Sporting marcou, tal como já tinha feito na receção ao Mónaco, de há uma semana.

Este sábado a receita foi a mesma: Canto de Acuña, golo de Bas Dost, com uma diferença pelo meio: o holandês marcou num desvio após cabeceamento de Tobias Figueiredo.

Curiosamente o golo começou por ser inicialmente invalidado e, após consulta ao vídeo-árbitro, foi validado: foi a segunda vez que o vídeo-árbitro decidiu, e bem, a favor do Sporting, depois de há uma semana ter anulado um golo a Rony Lopes.

Em Alvalade o vídeo-árbitro já é estrela de televisão, portanto.

No final, portanto, e feitas as contas, Jorge Jesus já parece ter encontrado a equipa tipo deste novo Sporting, falta agora trabalhá-la: tirar o melhor de cada jogador e do próprio coletivo. No próximo domingo, nas Aves, começa a sério.

Há uma música para embalar sobre a qual pode começar a trabalhar.