O Sporting tropeçou nos Arcos numa noite eletrizante em Vila do Conde: 3-3 foi o resultado de um jogo que teve duas reviravoltas e, por fim, um leão travado num Rio Ave que já tinha feito a vida difícil a outros dois candidatos ao título (Benfica e FC Porto) e que voltou a mostrar que o lugar que ocupa na classificação é bem enganador.

Se este leão já viu o sol muitas vezes esta época, em Vila do Conde, viu alguma chuva. O vento (embora não tanto como se faria adivinhar). Viu ainda o frio. E vê o Benfica de novo líder à condição, com mais dois pontos, antes da jornada de FC Porto-Benfica e... antes de receber as águias para a Taça de Portugal. Não foi uma noite segura do Sporting, que esteve abaixo do que já se viu, por oposição ao que se viu deste Rio Ave, e voltou a sofrer três golos (como em Guimarães, onde perdeu antes da série de oito vitórias na Liga findada este domingo).

Em Vila do Conde, o leão entrou a frio, com um golaço de Umaro Embaló (3m)

Mas também foi lá do frio escandinavo que veio o antídoto para virar o jogo, pelo dinamarquês Hjulmand (9m) e pelo sueco Gyökeres (44m). Só que Nuno Santos gelou o universo leonino com um pisão sobre Costinha para um penálti que Yakubu Aziz transformou no 2-2 antes do intervalo (45+4m)

Na segunda parte, a abordagem de Adán a Aziz acentuou uma noite nada feliz do guardião, o ganês fez a segunda reviravolta do jogo ao bisar de penálti (67m), mas o capitão Coates respondeu de pronto para, por fim, ditar a igualdade (73m).

Com cinco mudanças face ao jogo da Liga Europa e com Amorim a antever um jogo de grau de dificuldade elevadíssimo, o Rio Ave tratou de dificultar cedo a tarefa ao Sporting. Já os leões estudavam como ferir o Rio Ave, quando na primeira saída contrária, Fábio Ronaldo lançou Umaro Embaló, que encarou Geny Catamo e fez um golaço.

O 1-0, porém, só durou seis minutos porque Hjulmand, na sobra após um cruzamento, fez o empate com um bom pontapé em zona frontal. Já com o 1-1, o Sporting cresceu e teve relativa superioridade até à meia-hora de jogo, com Gyökeres (por duas vezes) e Trincão a encontrarem a oposição de Jhonatan para a reviravolta.

Amorim parecia adivinhar, Luís Freire também tinha dado a receita. E o Rio Ave mostrou que queria ganhar. Pela forma como se posicionou, a saber o que fazer com e sem bola. Como por exemplo Fábio Ronaldo, colocado à direita no trio ofensivo, aparecia muitas vezes no meio para dar soluções de passe e progressão, enquanto Costinha dava largura pela direita. Mais lá à frente, Embaló e Aziz iam sendo referências, com João Graça e Amine a pontuarem com os centrais a saída de jogo. Defensivamente, Vrousai e Costinha, um em cada ala, iam fechando o jogo exterior dos leões.

A dificuldade do Sporting não residia só em encontrar espaços, mas também em fechá-los. Embaló, após abordagem hesitante de Adán na saída a Aziz, quase fez o 2-1 (31m), o que esbarraria a seguir no poste para Fábio Ronaldo, após uma boa jogada pelo meio (36m).

Quem marcou foi o Sporting, mas só à boleia de um erro que tramou a competência coletiva do Rio Ave. Amine hesitou, escorregou e Gyökeres não vacilou perante Jhonatan (44m): 30.º golo do sueco em 2023/24 (!), o 100.º da equipa esta época e alívio para o leão... Mas por pouco. Aziz ainda fez o 2-2 de penálti e concluiu uma primeira parte eletrizante nos Arcos.

Uma primeira parte que Trincão não concluiu (lesão no pé esquerdo após impacto duro com Miguel Nóbrega na área aos 29m, saiu ao colo para os balneários e deve, tal como Inácio, falhar o dérbi) e, já com Edwards lançado, Amorim trocou o tocado Gonçalo Inácio por Quaresma para a segunda parte, com Diomande a passar para a esquerda na defesa.

Na segunda parte, o leão continuou a ter alguma dificuldade para encontrar o caminho do golo. Ora em jogo mais direto - acentuado no fim - ora em ataque organizado. E foi o Rio Ave a dar a cambalhota, com Adán a travar Aziz para o ganês assinar o 3-2 de penálti. O Sporting voltou a responder a uma desvantagem novamente ao fim de seis minutos, com Coates a concluir a cruzamento de Morita. Minuto 73, ainda havia tempo. Mas não houve a capacidade, segurança e controlo de outros jogos. Mais do que ofensivamente, até foi defensivamente. Mérito, também, do Rio Ave.

Até final, o jogo não esteve seguro para nenhum dos lados e o 4-3 podia ter caído para um lado e para outro. Esteve mais perto para o Sporting - Coates acabou lá na frente - mas não houve frieza, cabeça, nem pontaria. O Rio Ave acabou com dez, com a expulsão de Pantalon, mas o Sporting saiu mesmo travado nos Arcos.