Ter uma oportunidade de lutar pelo título obriga a que o Benfica não desperdice pontos até esses momentos decisivos, que poderão ser os resultados entre os três candidatos, uma vez que as diferenças ainda são curtas. O triunfo de hoje, na Luz, por 3-1 frente ao Arouca, começou a ser desenhado com o remate certeiro mais rápido da temporada, aos três minutos. Além disso, sublinhou a influência que ganha este novo Pizzi no conjunto, sem amarras à linha e com liberdade para pisar outros terrenos, até bem distantes do ponto de partida.

Mais do que um golo cedo, o Benfica marcou o segundo antes dos vinte minutos. Se até esse segundo ato o Arouca tinha tentado, com ataques velozes, explorar Artur na direita e Ivo Rodrigues na esquerda, beneficiando de uma boa pressão a meio-campo, depois as transições tornaram-se mais ponto de honra do que outra coisa, sem que alguém na equipa pudesse sequer vislumbrar um pontinho ao fundo do túnel.

Os primeiros minutos davam a entender que a palavra de ordem nos balneários, talvez dita várias vezes por Lito Vidigal, tenha sido intensidade. Os três homens do meio-campo, apoiados pelos extremos, procuravam apertar em torno de Renato Sanches, Samaris e Pizzi, sempre a pisar terrenos interiores. O miúdo Bulo teve antes do golo uma jogada que espelha esse estrangular por parte dos homens arouquenses à sua volta, ao ganhar dois ressaltos e ser anulado por um terceiro homem quando já se preparava para atirar à baliza.

A reação dos homens de Lito sem bola durou, pois, três minutos, até Pizzi, vindo lá de trás, aproveitar o corredor deixado aberto pelos rivais. Lançamento lateral de Eliseu para a área, bola afastada, Renato a voltar a cabecear lá para dentro, agora com Jonas a pensar mais rápido que todos e a servir atrasado o 21. Pizzi chegou decidido e Bracalli nada pôde fazer.
 
Segunda ida ao tapete
 
O Arouca não acusou o golo, chegou-se à frente. Entrava outra vez bem pelos flancos, mas depois faltava-lhe presença na área.

Seria sempre muito complicado empurrar o Benfica para a sua zona defensiva, uma vez que com o ligeiro adiantamento dos arouquenses haveria espaço onde antes faltava. Pizzi, no meio (pois, claro!), isolou Mitroglou, mas o grego demorou tempo a mais a rematar e permitiu um belo corte de Velázquez. Cinco minutos depois, o 2-0 matou de vez os visitantes.

Pontapé de canto para Pizzi, bola larguíssima a procurar um toque-a-assistir ainda longe da baliza, na direção do segundo poste. Lisandro saltou, e colocou na pequena área, com Mitroglou a finalizar de calcanhar, num pormenor de belo efeito.

Os homens de Rui Vitória estiveram mais perto do 3-0 do que os de Vidigal do 1-2. Carcela, aos 31, Mitroglou, dez minutos depois, Jonas, já perto do descanso, criaram boas oportunidades para consegui-lo. Confortáveis na partida, os jogadores do Benfica recriavam-se também: o grego, que os arouquenses não conseguiram tirar do jogo – recebia e virava-se; desequilibrava de primeira com um toque para um companheiro; ou embalava de frente para a baliza – fez três ou quatro passes de calcanhar. Jonas, Pizzi e Carcela desenhavam fintas vistosas que deliciavam as bancadas.
 
O terceiro mais do que a meias, e o quarto que esteve tão perto
 
A segunda parte começou com os mesmos sinais. Pizzi a desmarcar Jonas, e este a rematar ligeiramente ao lado.

No entanto, os visitantes subiram linhas, fazendo tábua rasa do resultado. Como se tudo começasse outra vez. A entrada de Maurides ajudou a chegar mais perto do Júlio César, com o ponta de lança em jogadas sucessivas a criar perigo. Era o melhor momento do Arouca.
 
Apesar dos esforços dos homens de Vidigal, o terceiro golo iria mesmo acontecer, já com Nico Gaitán em campo – entrou para o lugar de Pizzi, cujos esforços podiam tranquilamente ser geridos, aos 66 minutos. Uma série de ressaltos colocou Mitroglou e Jonas lado a lado, a só terem de fechar a jogada, com o grego e o brasileiro a empurrarem-se mutuamente para ver quem dava o toque final. Nessa luta particular, ganhou Jonas, mas nem um nem outro ficaram contentes, com a situação a ficar resolvida com uma curta conversa pouco depois entre ambos e a tentativa do goleador do campeonato assistir para o companheiro logo depois.

O quarto andou perto, com Mitroglou, por exemplo, a chegar a passar Bracalli com um chapéu, e a bola a ser cortada depois por Velázquez, que só à sua conta salvou dois golos esta noite. E, logo depois, por Talisca - entrado para o lugar de Samaris -, que ainda acertou no guarda-redes, depois de combinação fantástica com Gaitán.
 
Cansaço de Renato, e missão cumprida (apesar de Velázquez)
 
Já perto do fim, Renato deu sinais de cansaço, mas lá se aguentou, permitindo a Rui Vitória gerir os seus pontas de lança, tirando Mitroglou por Jiménez.

O Arouca, já nos descontos, acabou por fazer o seu golo, pelo inevitável Velázquez. Lisandro com culpas, logo depois de alguns cortes fantásticos por parte do argentino.

O Benfica tem agora duas saídas perigosas, a Moreira de Cónegos e Restelo antes de receber o FC Porto, e parece andar focado. Foi uma noite sem sobressaltos, como se pedia.