O FC Porto parecia mais sólido, mas foi o Benfica a ter estado mais perto de vencer e de embalar para o tetra. Teve momentos de desnorte, sobretudo no início do segundo tempo, que hipotecaram o bom conseguido nos primeiros 45 minutos, mas somou mais oportunidades e teve de lidar com um Casillas mais uma vez decisivo.

De um lado Rafa a entrar para o onze, confirmando-se o bluff de Rui Vitória com Grimaldo e Fejsa, que acabaram na bancada. Do outro, uma maior mudança na estrutura, num regresso de Nuno Espírito Santo ao 4x3x3: André André confirmava-se entre os eleitos mas ao mesmo tempo que Corona, sendo André Silva o sacrificado.

Tenha sido boa ou má mensagem a mudança empreendida pelo treinador do FC Porto, a verdade é que foi o Benfica quem entrou melhor, não se notando a teórica superioridade numérica do meio-campo azul e branco. Houve sempre um segundo homem próximo da bola, fosse Jonas, Samaris, Pizzi ou Rafa, para dar continuidade a um futebol de ataque continuado, de passes curtos, que deixava os rivais invariavelmente atrasados. Acontecia, claro, mais pela direita, muito por força dos arranques de Nelson Semedo e Salvio, determinados a queimar linhas com a bola nos pés.

Salvio até ao penálti

A resistência a este futebol apoiado por parte dos encarnados – que tinha ainda pressão sobre o portador e uma excelente reacção à perda da mesma – durou apenas cinco minutos. Salvio desenhou mais um slalom por entre vários adversários e entregou em Jonas, com Felipe a chegar tarde ao duelo com o compatriota. Penálti, que o Pistolas não desperdiçou, com um pontapé para o meio da baliza de Casillas. A vantagem não estranhava, apesar de ter surgido bem cedo.

Do outro lado, foi preciso que Brahimi, sobretudo, e Óliver, quando conseguia, assumissem mais o jogo. O argelino deu os primeiros empurrões à pressão do Benfica e oferecia algum trabalho para ser controlado, sobretudo quando fletia para o meio. Com o mote, os portistas começaram também a conquistar terreno no meio-campo rival. Aos 19 minutos, o primeiro canto. Na sequência, o primeiro remate, por Óliver, ao lado da baliza.

Em transição, a precisar de melhor definição

Os da casa respondiam quase sempre em transição. Semedo mostrava a sua força habitual, embora ressalve-se que poderia ter definido melhor o contra-ataque que protagonizou aos 17 minutos. Salvio precisou muitas vezes de uma diagonal de Mitroglou para servir de apoio e referência – um porto de abrigo na saída de pressão –, mas o grego não lha deu. Rafa só aparecia a espaços. Faltava melhor definição, agora que os portistas também tentavam estrangular o rival para chegar ao empate.

No plano defensivo, não havia então (e sublinhe-se então) preocupação excessiva com a subida do FC Porto no terreno. Parecia, nesta fase, até de certa forma consentida. O Benfica entregava a largura ao rival, que conseguia pouca presença depois na área. Excelente Samaris em muitos momentos do primeiro tempo, ajudando nos equilíbrios, mas sobretudo boa a disponibilidade de Jonas e Rafa para ajudar no controlo do espaço.

A acabar por cima, a começar por baixo

Até final dos primeiros 45 minutos, duas situações de golo, uma para cada lado. Aos 36, Ederson defendeu para canto um livre direto de Brahimi. Também uma bola parada, de Pizzi para Luisão, aos 41, deixou os encarnados perto do segundo.

Se no primeiro tempo, o Benfica entrara melhor, logo no início o FC Porto reagiu. Uma perda de bola infantil de Pizzi precipitou o empate, que contou ainda com cumplicidade de Samaris e Lindelof, que não foram eficazes a tirar a bola da sua área. Maxi, no regresso à Luz, marcou à antiga equipa. Estava-se no minuto 49.

O Benfica sentiu o golo, e aos 59 minutos foi necessário que Ederson abafasse o isolado Tiquinho para evitar o 1-2. Terá sido o momento mais perigoso do FC Porto até final, que começou a partir daí a ter de agradecer a Casillas o ponto que iria levar na Luz. Aos 62, perante Jonas, três minutos depois sobre Mitroglou, com Jonas e Salvio a combinarem pela lado direito da área. E, aos 73, no lance de maior confusão é novamente o espanhol quem volta a salvar perante as ameaças de Jonas e Lindelof.

Cervi a mexer, mas sem nada mudar

A entrada de Cervi, aos 69, para o lugar de Salvio ajudou os encarnados a manter a pressão até final, mas continuou a faltar definição à frente da baliza. André Silva, Jota e finalmente Otávio, opções durante o segundo tempo, foram ajudando a manter frescura no ataque portista, mas sem grandes alterações táticas. O ponto parecia ser um mal menor que Nuno Espírito Santo não se importava de levar para a Invicta.

O FC Porto leva um empate para o Dragão. Mantém-se a diferença entre os dois candidatos num ponto, e iguais sim no confronto direto, com a repetição do resultado da primeira volta.

Tudo somado, o Benfica terá deixado escapar excelente oportunidade para embalar para o título.