Autoridade.

A principal qualidade apresentada pelo Benfica diante do Marítimo foi a forma como entrou a mandar no jogo, sem dar o flanco para que o adversário ferisse uma equipa ainda em convalescença pelos estilhaços da dolorosa eliminação europeia.

E a liderar um Benfica sem a mínima margem para errar, surgiu um menino. A irreverência de João Félix foi a arma para um líder maduro e a mostrar a segurança que se impõe a quem quer ser campeão.

Bruno Lage tinha avisado que numa equipa como o Benfica não se pode ficar a olhar para o que se perdeu. Tem de se procurar sempre aquilo que há para ganhar.

E essas palavras tiveram eco em campo logo no terceiro minuto, quando o as águias se colocaram em vantagem graças a um canto estudado, executado de forma perfeita do pé direito de Pizzi para o Félix, que surgiu de rompante a abalroar a barreira que Petit podia ter pensado colocar à frente da baliza de Charles.

Quebrada essa barreira, o Benfica desfilou pelo relvado da Luz.

Ao intervalo, a vantagem era mínima, ainda que o domínio fosse total. E na segunda parte, a equipa de Lage construiu a goleada, com Pizzi a comandar uma tropa sedenta da tão aclamada Reconquista.

Logo a abrir o segundo tempo, o comandante mostrou como se faz, recebendo do capitão André Almeida para fuzilar a baliza de Charles. E pouco depois, foi ele a lançar novamente o capitão para este servir o bis de Félix.

Neste dar e receber que tão bons frutos estava a dar, voltou Félix quis também retribuir. E fê-lo com quem mais estava a precisar: Cervi.

A novidade do onze de Lage, que substituiu o castigado Rafa, estava a ter uma noite esforçada, mas com a lucidez toldada pela falta de confiança. Mas quando Félix o colocou na cara de Charles, o argentino pegou a oportunidade com as duas mãos e picou a bola sobre o guarda-redes brasileiro.

Depois, foi só aproveitar o balanço. Mesmo em cima dos 90m, e com a confiança restabelecida, o extremo argentino arriscou o remate à entrada da área e sorriu com vontade ao ver a bola beijar a rede novamente.

E por falar em sorrisos, numa altura em que os mais de 52 mil espectadores já só pediam o 37, também Salvio voltou a sorrir. De regresso aos jogos na Luz depois da lesão que o afastou da equipa durante dois meses, o argentino voltou aos golos.

E no meio desta meia-dúzia, alguém se lembrou da palavra «pressão»?

Não, isso fica para a semana. O que a amostra de autoridade do líder revela é muita sede de ser feliz.