«Não é pressão, é motivação.»
Foi com esta frase que Bruno Lage comentou, na antevisão ao jogo com o Tondela, a luta que Benfica e FC Porto vão ter na reta final de uma Liga que tem tudo para se decidir com photo-finish.
É motivação.
Diante da equipa beirã, o Benfica até entrou com pressa de ser feliz. A mostrar a tal motivação de que falara o treinador. Com 20 minutos a sufocar o Tondela, o Benfica criou oportunidades para marcar uma, duas, três, quatro vezes.
O Tondela ia respirando como podia. E era sempre pela velocidade de Murillo que o conseguia, uma vez que o homem mais adiantado, Tomané, era mais um que se preocupava primeiro em defender.
O que é certo é que segurando o ímpeto inicial das àguias, Pepa mandou as tropas reunir, roubar os espaços entre-linhas onde o Benfica tem desequilibrado e fechou os caminhos para a baliza de Cláudio Ramos.
Não é pressão?
Ao intervalo, a perceber que tinha de fazer algo, Bruno Lage lançou o regressado Seferovic, partindo um pouco a equipa, ao tirar Samaris do relvado, mudando Pizzi para o meio, Rafa para a direita e Félix para a esquerda.
Só que os primeiros minutos da segunda parte mostraram um Tondela que não se vira nos primeiros 45 minutos. A chegar com perigo à baliza de Vlachodimos, uma vez que tinha quase todo o meio-campo defensivo do Benfica para explorar.
Murillo ameaçou com um golo anulado, voltou a ameaçar e a Luz tremeu.
Aliás, o único que pareceu imune à pressão que se começava a sentir foi mesmo Bruno Lage que lançou para campo Taarabt, a vinte minutos do fim, com o marroquino a fazer a estreia pela equipa principal do Benfica quase quatro anos depois de ter chegado.
E a verdade é que a entrada do novo camisola 49 da águias serviu para aliviar um pouco os nervos. Os adeptos aplaudiram cada ação do marroquino e distraíram-se do sofrimento que começava a instalar-se conforme o relógio ia avançando.
E por falar em relógio, quais são considerados os menos falíveis? Os suíços, pois claro.
A analogia pode até parecer forçada – ou demasiadas vezes repetida -, mas foi mesmo Seferovic a desbloquear um jogo que chegou a acordar fantasmas da época passada, quando o Tondela venceu na Luz e entregou o título ao FC Porto.
A cinco minutos do fim, após um cruzamento de Grimaldo, Seferovic surgiu então decisivo a cabecear para o golo triunfal.
E se não foi do alívio da pressão o grito que ecoou no estádio, foi de algo muito parecido. E o que dizer do suspiro coletivo quando, no último lance da partida Patrick, a um metro da baliza rematou por cima?
Foi pressão, sim. Foi sofrimento, também. E agora sim, daqui a equipa pode tirar a motivação para o que resta da temporada.