A famosa hola mexicana transformou-se em onda encarnada no temível Rio Ave. Obra de Raúl Alonso Jiménez Rodríguez, um rapaz de Tepeji del Río Ocampo que saltou do banco para garantir novo triunfo pela margem mínima ao Benfica (0-1).

Foi Raúl Jiménez a desenhar o Arco do Triunfo ao minuto 73, num lance em que a palavra sorte volta à memória, tornando-se injusto esquecer o que os encarnados criaram após o intervalo: quatro oportunidades claras de golo, sem que tenham sido nessa altura beneficiados na roda da fortuna.

O Benfica ultrapassa o obstáculo mais temível nesta reta final da Liga. Fê-lo com uma segunda parte de bom nível, em claro contraste com a primeira, perante um Rio Ave que perdeu o fulgor da etapa inicial e foi curto para tamanha ambição.

Depois de garantir a vitória em Coimbra, ao minuto 85, Raúl Jiménez volta a surgir como arma secreta e permite a festa da onda encarnada que invadiu o estádio nortenho.

Nono triunfo consecutivo dos encarnados e a presença garantida na fase de grupos da Liga dos Campeões 2016/17. Enorme mérito de Rui Vitória.

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O treinador devolveu o lado direito da defesa a André Almeida, naturalmente, e Pedro Martins teve de fazer o mesmo no seu corredor, já que Lionn ficou de fora e Pedrinho foi chamado à titularidade.

Seria Pedrinho, precisamente, a negar um golo logo a abrir. Os adeptos ainda nem tinham aquecido as cadeiras e já Jardel, após canto cobrado por Gaitán, obrigava o lateral a responder por instinto e a desviar de cabeça por cima da trave.

Quem pensou que esse lance, logo aos dois minutos, seria o prenúncio de uma entrada avassaladora do Benfica ficou defraudado. O Rio Ave, com André Vilas Boas e o regressado Wakaso nos lugares dos castigados Roderick e João Novais, escolheu a pressão alta como arma para equilibrar o jogo e inquietou o adversário.

Pizzi (esteve apenas uma hora em campo, atravessando claramente uma fase de menor inspiração), André Almeida e até Renato Sanches – nítidas falhas na cobertura defensiva, deixando Fejsa sem acompanhamento – acumulavam decisões erradas e permitiram o equilíbrio na partida.

Perante casa cheia (com domínio encarnado), o típico vento de Vila do Conde fez-se sentir após um dia quente e colocou André Vilas Boas em dificuldades. Após pontapé longo de Ederson, no reencontro com o Rio Ave, Jonas ganhou posição ao central e forçou o opositor a falta para o primeiro cartão amarelo do encontro.

Do outro lado, porém, os erros do Benfica causavam mossa e a equipa de Rui Vitória terminou a primeira parte com três jogadores em risco. Héldon – cedido pelo Sporting – justificou os amarelos a Eliseu e Fejsa, o pressionante Guedes fez o mesmo com Jardel.

Sem que o jogo fosse dominado pela agressividade, houve ainda assim mais cartões que oportunidades de golo na etapa inicial. Para além de Jardel, apenas Gaitán esteve verdadeiramente perto de marcar, com um remate a centímetros do poste, ao minuto 33.

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Nico Gaitán era sem surpresa a principal referência ofensiva do Benfica, bem secundado por Jonas, mas foi especialmente perdulário no reatamento, quando o bicampeão nacional decidiu sufocar o adversário.

Em cinco minutos os encarnados criaram quatro oportunidades flagrantes de golo. O argentino falhou as duas primeiras, os ensaios de Jonas e Mitroglou tiveram o mesmo desfecho. Por essa altura a vantagem já seria mais que justificada.

Sem capacidade para forçar erros defensivos do Benfica, que entretanto já tinha delineado o plano para anular a estratégia local, o Rio Ave aguentava a pressão e ficava à espera que a tempestade passasse. Ederson era por essa altura um mero espectador da partida.

Rui Vitória recorreu a Salvio e a Raúl Jiménez, não raras vezes arma secreta, Pedro Martins respondeu com Hélder Postiga e Kayembe. O internacional português incomodou bem menos que Guedes, enquanto Jiménez voltou a ser o derradeiro trunfo.

Ao minuto 73, depois de Gaitán reclamar uma grande penalidade de Tarantini (sem razão), a bola chegou ao lado direito e André Almeida cruzou para a área. André Vilas Boas cortou de forma defeituosa, a bola foi devolvida pela trave mas Raúl Jiménez estava lá para soltar o inferno encarnado.

O Benfica merecia claramente a vantagem, para tal bastando o que fez após o intervalo, frente a um Rio Ave que foi caindo a pique e não conseguiu responder, ao longo dos últimos vinte minutos, a um golo que pode ter caráter decisivo na história do campeonato.