O Sporting e Marco Silva têm a noção clara de que o divórcio é a única via possível no final da época.

Depois de uma temporada marcada por um clima intempestivo entre as duas partes, que quase terminou em separação no final de 2014, tanto o clube quanto o treinador consideram que não há condições para manter o vínculo na próxima temporada, como de resto vários jornais foram adiantando esta semana.

Nesse sentido, e apesar de Marco Silva ter contrato por mais três anos (assinou por quatro temporadas) tudo aponta para uma separação amigável e por mútuo acordo.

No entanto, nesta altura é impossível dizer em que circunstâncias acontecerá essa mesma separação, e por uma razão muito simples: em nenhum momento foi discutida essa possibilidade entre as duas partes até agora.

O Sporting, tanto na sua vertente clube como na sua vertente equipa, estão completamente focados no final da temporada e na conquista da Taça de Portugal. Nesse sentido, afastam de imediato qualquer foco de desestabilização.

O foco é só um: conquistar a Taça de Portugal.

Só depois da final do Jamor as duas partes iniciarão as conversas para definir os moldes do divórcio, que promete de resto ter muitos pontos para afinar: há um contrato em vigor que legitima pretensões de ambas os lados. Por isso há muita matéria para discutir. Mas isso, repete-se, ainda não aconteceu até agora e não vai acontecer antes de 31 de maio.

O fim da ligação entre o Sporting e Marco Silva, de resto, há muito era anunciado.

Desde que as partes entraram em litígio, no final de 2014, percebeu-se que era muito difícil manter a ligação. Desde então, é verdade, Marco Silva sempre manteve um discurso apaziguador, nunca proferindo declarações que pudessem ser entendidas como um ataque à mesma direção, numa espécie de pacto de paz que foi também seguido por Bruno de Carvalho.

No entanto, na última entrevista do presidente, à Sporting TV, ficou já claro algum mal-estar com a classificação da equipa esta temporada.

«O Sporting, ao dia de hoje, não sabe que dinheiro vai ter na próxima época. E não sabe por estes dois motivos. Primeiro, camisola, e depois, não sabemos se vamos ou não chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões», referiu. 

«Portanto, às vezes é muito fácil dizer que o Sporting precisa de um dez, de um ponta-de-lança, de um defesa, de um avançado, de tudo. Mas, sobretudo, do que o Sporting precisava era de ter clarificado aquilo que é o seu orçamento e infelizmente não o fez.»

Palavras que demonstraram logo na altura que a paz que havia, e que levou Bruno de Carvalho a negar responder se já tinha reunido com Marco Silva, quando foi questionado sobre isso no Estoril Open, essa paz, dizia-se, estava podre.

Serve apenas para manter a concentração do clube na final da Taça de Portugal. Depois disso, sim, começam as negociações para definir os termos do divórcio.