Com a sua manutenção já assegurada na última jornada, o Boavista fez esta tarde uma espécie de xeque-mate no tabuleiro da despromoção ao atirar o União (que com uma vitória podia garantir hoje a permanência) para uma dura batalha a três na última jornada.

V. Setúbal, Tondela e União vão tentar evitar a vaga de acompanhante da Académica, que já caiu para a II Liga.

Pode ser uma luta inglória para os madeirenses, que hoje no Bessa não tiveram argumentos para um Boavista mais aguerrido e bem mais tranquilo numa partida nem sempre bem jogava.

A bola andava longe das balizas na primeira parte, quando aos 36 minutos aconteceu o lance capital do jogo. Um erro inacreditável de Raul Gudiño.

De um atraso normal, o guarda-redes mexicano cedido pelo FC Porto ao União criou um problema gigantesco para a sua equipa: não alivou logo, hesitou e quando olhou em frente tinha Zé Manuel a pressioná-lo, tirando-lhe a bola para inaugurar o marcador e fazer o único golo da partida.

FILME DO JOGO

Custa sofrer assim, sobretudo quando se está numa posição de fragilidade na tabela que o mínimo erro pode representar a morte do artista.

Assim foi. Zé Manuel herói e Gudiño vilão num duelo ao entardecer que terminou com o União estendido no relvado e à espera da última ronda para ser reanimado.

Podia ter sido diferente o desfecho, mas em abono da verdade diga-se que Norton de Matos, que apresentou um 4-3-3 rígido e previsível, só arriscou verdadeiramente correr atrás do empate no quarto de hora final, tendo na maior parte do jogo o Boavista estado mais parto do 2-0 do que o União do empate.

Ao contrário da última jornada, em que bisou e foi decisivo na vitória frente à Académica, Élio Martins bem tentou, mas não conseguiu encontrar as redes axadrezadas; nem quando aos 80’ rematou à meia volta de primeira para (mais uma) uma grande defesa de Mika.

DESTAQUES: A tarde de Zé Manuel e Mika

Já Edder Farías entrou só a cinco minutos do final e ainda assim esteve também perto do golo, já nos descontos, quando se isolou e na cara de Mika rematou cruzado à figura.

Os madeirenses falharam nos momentos decisivos e não evitaram a derrota. Têm agora de sofrer até ao final da Liga, sabendo que um empate na receção ao «europeu» Rio Ave pode até não bastar no caso de o V. Setúbal também empatar em casa com o Paços e se o Tondela vencer no seu estádio a condenada Académica.

São contas difíceis a que o Boavista está poupado desde a jornada anterior.

Com a vitória a selar uma manutenção que já estava garantida, o jogo terminou com olas tão mexicanas como Gudiño. E com uma invasão pacífica do relvado pelos adeptos que esta tarde, data do 32.º aniversário da claque Panteras Negras, vieram ao Bessa para celebrar a salvação trazida pelo técnico Sánchez e também pelo diretor-desportivo Timofte. Como já não faziam desde os tempos em que um e outro eram estrelas no relvado no tempo do «Boavistão».