Não foi preciso a Marinho lutar com um urso como Di Caprio, no brilhante filme que valeu o primeiro Óscar ao ator norte-americano para renascer. Nada disso. Bastou resolver a primeira de dez finais para a Académica na luta pela fuga ao drama da descida. E que triunfo foi, ainda para mais frente ao rival Vitória de Guimarães (2-0).

O começo de jogo no Cidade de Coimbra foi morno e dividido, com duas equipas bem estruturadas do ponto de vista tático (ambas em 4-2-3-1). A Briosa foi a primeira formação a criar perigo, na sequência de uma bola parada, mas o cabeceamento pingado de João Real acabou travado pelos reflexos felinos do jovem João Miguel.

A formação da casa mostrava-se um pouco mais afoita do que noutros jogos perante um Vitória mais calculista e até ao minuto 20 esteve perto do golo em mais três ocasiões: Nii Plange atirou muito por alto em excelente posição, Rui Pedro obrigou João Miguel a mais uma boa intervenção e Aderlan, com o guardião vimaranense fora da baliza, tentou o chapéu de longe, mas a bola passou a rasar o travessão.

Realmente, a Académica ia sendo a equipa mais perigosa do jogo por essa altura. Intensa após a perda e rápida pelos corredores (em especial o esquerdo, com Rafa Soares e Nii Plange muito ativos), a turma de Filipe Gouveia foi-se abeirando da baliza de João Miguel só que a resposta dos avançados academistas aos cruzamentos não ia sendo a melhor…

Na resposta, o visitante, demasiado calculista para os belíssimos atacantes que possui, finalmente apareceu no ataque: após jogada no corredor esquerdo e cruzamento para a área, Ricardo Valente tentou o remate cruzado, com a bola a não passar muito longe do poste direito da baliza à guarda de Pedro Trigueira.

Até ao intervalo, o jogo foi baixando de intensidade, com exceção para uma bela oportunidade, mesmo ao cair do pano, novamente para a equipa da casa: Nii Plange arrancou desde a esquerda e, com Marinho completamente solto na direita da área, atirou para uma boa «mancha» de João Miguel. Contas feitas, a Briosa poderia perfeitamente ter chegado em vantagem ao intervalo mas faltou mais contundência nas chegadas à área vimaranense.

Marinho a revolucionar a história do jogo

Os donos da casa não poderiam ter desejado melhor arranque de segunda parte. Numa excelente arrancada nas costas da defensiva vitoriana, o burquinês Nii Plange isolou-se e acabou por sofrer falta dentro da grande área. O autor da falta foi o central Pedro Henrique, que acabou expulso. Penálti para a Briosa, Rui Pedro bateu mas João Miguel travou o remate do médio ofensivo academista. No entanto, Marinho, o «rato atómico» da ala direita academista, foi astuto e atirou para o fundo das redes na recarga.

Dois minutos volvidos, contra-ataque da equipa de Filipe Gouveia, com Marinho a isolar-se e, perante a posição duvidosa de Nii Plange, que estava completamente sozinho do outro lado, a fazer um chapéu sobre o guardião minhoto, com a bola a bater no poste. No entanto, seria novamente na recarga que o extremo de 32 anos voltaria a marcar, num momento que levou o Cidade de Coimbra ao rubro.

Sérgio Conceição procurou dar resposta às necessidades imediatas da equipa, reorganizando a equipa atrás com a entrada do central Moreno e procurando espevitar na frente com o extremo brasileiro Francis, chegado em janeiro do Botafogo de Ribeirão Preto. No entanto, a Briosa ia revelando uma sagaz organização defensiva e foi aguentando as tímidas investidas do conjunto vitoriano.

O jogo estava muito bem encaminhado para a formação conimbricense, tanto mais que Leandro Silva esteve muito perto de aumentar o marcador em duas ocasiões: primeiro, num remate de fora da área e depois, isolado perante João Miguel, num chuto que bateu em cheio no poste esquerdo da baliza do Vitória.

Já nos últimos dez minutos de jogo, Rabiola esteve também perto do terceiro, após excelente subida e cruzamento de Hugo Sêco do lado direito do ataque. Até ao fim, João Teixeira esteve ainda perto de reduzir para o Vitória mas Pedro Trigueira travou os intentos do médio emprestado pelo Benfica aos minhotos e segurou o zero na baliza conimbricense.

No final, um muito saudado regresso às vitórias para equipa, treinador e adeptos academistas. Do outro lado, ficou uma imagem relativamente pálida do V. Guimarães, pelo menos por comparação com alguns dos jogos mais recentes…