O Benfica demorou muito tempo a compreender as virtudes que Rui Vitória disse na sexta-feira que o V. Guimarães tinha e precisou mesmo de ser salvo pelo MacGyver da Luz.

Se o triunfo do Benfica por 2-0 sobre um competentíssimo V. Guimarães se aceita, convém dizer que este – como tantas outras ocasiões, valha a verdade – se deveu a Jonas, autor dos dois golos das águias.

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A equipa de Rui Vitória esteve longe de apresentar a inspiração dos últimos tempos. Mas isso deveu -se sobretudo à equipa minhota, que jogou de forma destemida na capital e obrigou os adeptos encarnados a roer as unhas quase até ao sabugo até bem perto do fim.

Em tese, a estratégia apresentada por José Peseiro até seria conservadora, com um duplo pivot no meio-campo (Rafael Miranda e Wakaso) a dar solidez defensiva aos visitantes. Mas o Vitória foi bem mais do que isso. Foi uma equipa arrojada, destemida nas saídas para o ataque, e que ameaçou o golo não raras vezes.

A defesa encarnada, que tanta solidez tem demonstrado nos últimos tempos, parecia prestes a meter água, tais eram as dificuldades sentidas para lidar com a profundidade dos visitantes, sustentada em Mattheus, Héldon e Raphinha, que ainda introduziu a bola na baliza de Varela num lance em que Jubal estava em fora de jogo no momento da assistência.

Defensivamente, os vimaranenses pareciam confortáveis com o 4x3x3 contrário, introduzido para ficar no duelo entre as duas equipas na Cidade Berço há uma volta. As águias tentavam fazer o carrossel girar, os extremos tentavam diagonais e Pizzi fugia de zonas povoadas para encontrar espaços, mas faltava aquilo que Raúl Jiménez viria a dar na segunda parte: profundidade no corredor central.

Tirando uma atraso kamikaze de Konan para Miguel Silva que quase terminava com um golo fortuito de Rafa, os encarnados raramente conseguiram chegar ao último terço com perigo nos primeiros 45 minutos.

Ao intervalo, a vantagem do Benfica no marcador justificava-se mais pela imprudência de João Aurélio na abordagem com a mão no ar a uma bola na área vimaranense (Carlos Xistra assinalou penálti depois de recorrer a VAR), do que propriamente pelo trabalho da equipa da casa.

Na etapa complementar, o Vitória foi mais curto e os encarnados arrancaram para uma exibição que, ainda longe de ser categórica, foi mais convincente. A profundidade dos minhotos, talvez mais cansados, foi estancada e a equipa da casa foi mais clarividente na construção de jogo, ainda que Varela tenha salvo a equipa da casa num lance em que Raphinha percorreu 50 metros isolado.

Sobretudo nos últimos 20 minutos, a equipa de José Peseiro começou a capitular. O crescimento dos encarnados está intimamente relacionado com a entrada de Raúl Jiménez em campo. O mexicano agitou o jogo e teve o condão de incendiar uma Luz apinhada de gente. Ao 78’, pintou a obra de arte da noite. Arrancou pela esquerda e tirou um cruzamento de letra junto à linha: Jonas (quem mais?) foi lá acima e assinou a sentença de morte minhota.

Já não havia ressurreição possível para a equipa de Peseiro.