«Se alguma coisa puder dar errado, vai dar.» Em Tondela, a Lei de Murphy começou a escrever-se logo aos três minutos, pelo pé de Licá. A atravessar um período muito difícil, o conjunto de Petit via-se a perder desde muito cedo e, tendo em conta o que se tem visto esta temporada, adivinhava-se que a moral que os jogadores podiam ter para esta partida, se diluía no dilúvio que caiu em Tondela neste sábado.

Com a Murphy a soar em loop na cabeça dos tondelenses, aos 10 minutos, Baldé surge na cara de Miguel Silva com tudo para fazer o empate. Era claro. Nada o poderia impedir. Mas... Murphy. A bola travou numa poça de água no momento em que o extremo tondelense ia encostar para o golo e a oportunidade evaporou-se.

«Entrega.» «Respeito.» «Atitude.» Na última semana os jogadores do Tondela foram acusados da falta de todas estas características. Ouviram-no do seu treinador, do presidente e dos adeptos. Consecutivamente.

Depois, na primeira oportunidade que tiveram para dar resposta a isso, veio o tal cenário que abre crónica. Foi demasiado.

E quando até se podia esperar o baixar de braços dos jogadores da equipa beirã, aconteceu exatamente o contrário.

A partir do lance que culminou na perdida de Baldé, os homens de Petit cerraram os dentes e iniciaram um luta desigual com a sorte que lhes fugira há algum tempo. Encontraram pela frente uma equipa em posição confortável. No jogo e no campeonato. Talvez demasiado confortável, até. Em vantagem, os vitorianos diminuíram a intensidade que costumam colocar nos jogos. E o Tondela aproveitou.

Até aos 20 minutos, foi sempre a equipa da casa que assumiu o jogo, lutando contra a tal falta de sorte, contra um adversário de qualidade e... contra um campo que não deixava o futebol fluir à flor da relva.

Foi então que surgiu a antítese da Lei de Murphy, metida a pontapé pela tentativa de Nathan de ser feliz. Ainda longe da área, o camisola 11 do Tondela ensaiou um remate que Miguel Silva, guardião vitoriano, tentou segurar, mas que lhe fugiu entre as luvas.

Dizer que não à sorte, mesmo a acabar

O golo tondelense ajudou a despertar ambas as equipas. O Tondela que passou a acreditar, e o Vitória que, empurrado pelos seus adeptos e pelos gritos do seu técnico na linha lateral, despertou para os restantes 20 minutos do primeiro tempo.

Até ao intervalo, o jogo passou a ser mais dividido, com jogadas de algum perigo a rondar as duas áreas, ainda que sem surgirem oportunidades claras para nenhuma das partes.

Depois do descanso, a crença tondelense foi aumentado ao ritmo que os seus extremos colocavam a defensiva contrária em sentido. Os vimaranenses, com menor caudal ofensivo, criavam, ainda assim maior perigo. Otávio colocou Zubikarai à prova de livre, e Pedrão só não marcou porque Bruno Nascimento fez um corte providencial.

E foi a formação beirã que pareceu sempre mais insistente na busca pela vitória, mas foi traída pela ansiedade sempre que surgiu em posição de se colocar em vantagem.

A imagem perfeita do que aqui se diz surgiu ao minuto 87. Numa jogada de contra-ataque, Hélder Tavares surge pela esquerda com tempo para visar a baliza. Pouco habituado a estas oportunidades, o médio-defensivo deu para o lado em vez de rematar e Nathan viu Josué tirar-lhe a possibilidade de dar a volta ao marcador.

Esfumou-se aí a esperança do Tondela. Mas fica, além do ponto conquistado, uma imagem diferente dos jogadores do auriverdes. Atitude. Entrega. Respeito. Houve de tudo. Ficou o ponto.