Recaída e cuidados intensivos. O lenitivo acumulado com as duas vitórias no Bessa não passava, afinal, de um placebo. Diagnóstico revisto e corrigido: o futuro do FC Porto – cinco pontos atrás do Sporting e três do Benfica – é de prognóstico muito reservado.

Um erro monstruoso de Iker Casillas, no madrugar do jogo em Guimarães, aconselhou uma rápida visita às urgências. Ferido pelo golo de Bouba Saré, com gravidade, o dragão foi a passo durante a maior parte do caminho.

Quando acelerou, pressionado pelo agravar do quadro clínico e a fatalidade do orgulho próprio, o médico de serviço atrasou o atendimento e mexeu com os nervos do dragão.

Esse médico, analogia à parte, chamou-se Miguel Silva e é o menino que guarda como gente grande a baliza do Vitória. Na segunda parte, particularmente aí, Miguel agarrou cruzamentos, fez defesas miraculosas e aproveitou também o desacerto e a limitação do ataque do FC Porto.

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A segunda parte teve sentido único, sim, e um FC Porto a tentar tudo da forma que atualmente pode. Mas o que estava para trás, talvez até aos 55/60 minutos, foi muito pobre para uma equipa que pretende ser campeã nacional.

Basta, aliás, avaliar a linguagem corporal dos jogadores do FC Porto e compará-la com a dos futebolistas de Sporting e Benfica no mesmo contexto, ou seja, a perder 1-0.     

Em Alvalade, o Sporting, mesmo reduzido a dez unidades teve a coragem de jogar no risco, com intensidade e capacidade de incomodar o Tondela. Isto, até cair perto do fim com um lapso defensivo.

No Estoril, o Benfica também esteve a perder e deu a volta, mostrando uma facilidade enorme na criação de oportunidades de golo.

Claro que o Vitória Guimarães teve muito mérito na defesa dos três pontos. Sérgio Conceição, o homem de quem todos falam, deu uma enorme prova de profissionalismo e celebrou como ninguém a extraordinária conquista.

Se tem acordo com o FC Porto, disfarçou de forma perfeita. Não parou um segundo, exigiu concentração absoluta aos atletas em todos os momentos, aceitou a superioridade técnica dos azuis e brancos (concedendo a famosa posse de bola) e juntou as linhas num bloco baixo e sólido.

Foi feliz, naturalmente, porque a sorte nada quis com os avançados do FC Porto em determinados pormenores.

DESTAQUES DO JOGO: Miguel segura, Iker deixa fugir

O FC Porto, é importante insistir nisto, mantém vícios da relação anterior e a recaída não é uma surpresa absoluta. O jogo interior é deficiente, os extremos não cruzam – nas raras ocasiões em que o fazem a coisa não sai bem – e Aboubakar já não é, há meses, o ponta de lança que um clube grande precisa.

Como é possível não ter feito golo aos 61 minutos, quando só tinha de encostar? Longe vão os dias em que o camaronês rematava de sítios impossíveis e fazia golo.

Aguentou o Vitória – Miguel Silva é que pareceu o guarda-redes mundialmente coroado e Iker o benjamim tremelicante -, desesperou o FC Porto, até ao fim.

O dragão sai de Guimarães ainda com mais medos e dúvidas, mas também com uma certeza: o homem que o poderá recuperar não está, por agora, nos quadros do FC Porto.