Triunfo do Nacional da Madeira no D. Afonso Henriques, com direito a ultrapassagem na tabela classificativa e inversão de estados de espírito entre as duas equipas. Um golo de Tiquinho Soares ainda no primeiro tempo e a organização do Nacional orquestrada pelo vimaranense Manuel Machado foram suficientes para voltar a fazer os fantasmas pairar sobre a Cidade-Berço.
 
Sérgio Conceição referiu antes do encontro que o triunfo em Paços de Ferreira trazia «responsabilidade» à sua equipa. Os próprios jogadores do V. Guimarães sentiram que tinham de provar a si mesmos da sua capacidade anímica para engrenar pelo caminho dos triunfos.
 
Por seu turno, Manuel Machado, que conhece melhor do que ninguém o seu adversário, apresentou-se no D. Afonso Henriques com um histórico de três triunfos sobre o V. Guimarães no comando técnico do Nacional.
 
Perante este cenário, o técnico montou um Nacional organizado e coeso, com capacidade para suster o ímpeto da equipa da casa. Na frente a velocidade de Willyan e Agra a juntar à força física de Soares iam destilando veneno.
 
Depois de um arranque de jogo com um encaixe técnico e sem grandes lances de perigo de parte a parte, os madeirenses colocaram-se em vantagem, anulando por completo o embalo que os minhotos traziam do tal triunfo na Mata Real.
 
Luís Rocha ganhou posição na esquerda, mas deslumbrou-se e deixou João Aurélio ganhar-lhe o esférico. No coração da área Douglas e a defesa do Vitória não conseguiram resolver a situação e, sem grandes dificuldades, Soares abriu o ativo para o Nacional.
 
A resposta do V. Guimarães foi tímida e sem grande seguimento, mas ainda assim com dois lances de perigo junto da baliza insular. Primeiro Ricardo Gomes foi lento a rematar e perdeu ângulo de remate quando tinha espaço para visar a baliza, depois foi o guardião Rui Silva a opor-se de forma destemida a um remate de Tomané.
 
Sem capacidade de assumir de forma cabal o jogo, no segundo tempo os vimaranenses tentaram de forma atabalhoada lançar-se atrás do resultado.
 
Não só não conseguiram importunar o último reduto nacionalista, como ainda proporcionaram que o Nacional ficasse confortavelmente a jogar da forma que mais gosta: com espaço nas costas da defesa para armar ataques rápidos.
 
Logo nos primeiros instantes do segundo tempo Agra introduziu mesmo a bola na baliza, mas estava em fora de jogo. Aviso da equipa madeirense no reatar do encontro, que quase dava em novo golo quando estava cumprida uma hora de jogo. Bonilha estava na cara de Douglas, mas rematou de primeira muito por cima do travessão.
 
Faltou discernimento à equipa da casa sobrou coração para compensar a falta de cabeça, nos últimos minutos a bola rondou a baliza de Rui Silva, mas sem resultados práticos. O apito final de Carlos Xistra confirmou o primeiro triunfo fora do Nacional na presente edição da Liga, traduzindo-se ao mesmo tempo num travão na tentativa de reação dos minhotos.
 
Manuel Machado, vimaranense e vitoriano confesso, voltou a fazer aquilo que sabe. Deslocar-se à “sua terra” no comando técnico do Nacional para conseguir o quarto triunfo da sua carreira nessas condições, numa espécie de arte da traição. O Vitória de Conceição ficou-se pela ameaça de arrepiar tabela acima e voltou aos maus resultados, vendo o Nacional ultrapassá-lo na classificação, e ouvindo assobios de alguns adeptos vimaranenses no final do encontro.