Foi preciso esperar pelo último fôlego para o V. Guimarães meter a terceira. O conjunto de Pedro Martins venceu de forma épica o Feirense (1-0) com um golo quando já passavam cinco minutos para lá dos noventa, cabendo a Hélder Ferreira o papel de herói e de justiceiro no triunfo do Vitória.

A equipa de Santa Maria da Feira, que contabilizou a sétima derrota consecutiva, abdicou de jogar, agarrou-se ao ponto que detinha desde que a bola começou a rolar e deixou uma imagem pálida, pouco saudável para o futebol, sem iniciativa e com Caio Secco a retardar as reposições de bola em jogo.

Por isso, para além de herói Hélder Ferreira veste também a capa de justiceiro a carimbar o triunfo do futebol sobre o medo de ser feliz. Este Feirense parece ter medo de se esticar. Não entrou em campo rendido, mas limitou-se a fazer por não perder. Triunfo justo para o Vitória, ainda que o empate pairasse pela falta de soluções da equipa de Pedro Martins.

Castelo apertado

O Feirense apresentou-se no D. Afonso Henriques abdicando por completo de jogar. Deu a iniciativa de jogo e o seu meio campo ofensivo ao V. Guimarães, atirando a responsabilidade do futebol ao conjunto de Pedro Martins.

Foi, por isso, um duelo num castelo apertado, sem espaços e jogado num só sentido. A realidade é que o V. Guimarães não se sente confortável com este tipo de jogo e assumiu as despesas de forma forçada, circulou o esférico e fez longas trocas de bola, mas faltou o essencial: conseguir criar perigo.

Um Feirense organizado e a ocupar bem os espaços ia sendo suficiente para segurar as pontas, ainda que por vezes de forma quase confrangedora. Caio Secco foi avisado por João Capela ainda antes de cumpridos dez minutos de jogo, pela demora na recolocação da bola em jogo. A diferença no que à posse de bola diz respeito foi abismal e o conjunto de Nuno Manta Santos só conseguiu fazer passes no sentido da sua baliza, sem conseguir evoluir no terreno.

Contas feitas, no final da primeira metade uma equipa tinha muito mais posse de bola e a total iniciativa de jogo, mas espremendo bem os primeiros quarenta e cinco minutos o Vitória teve um lance perigoso por Raphinha, com um remate cruzado, e Tallo nem sequer puxou do gatilho num lance em que estava em boa posição.

Desperdício não desfez nulo... até aos 90+5

A primeira subida do Feirense ao meio campo deu-se apenas ao minuto vinte. Depois do descanso a história inverteu-se, mas apenas ligeiramente. Por entre o domínio continuado do V. Guimarães, o Feirense dispôs de duas ocasiões privilegiadas para marcar. No espaço de dois minutos Etebo falhou duas oportunidades flagrantes e pôs em sentido o último reduto vimaranense.

Respondeu de pronto a equipa do V. Guimarães, Hélder Ferreira tinha acabado de entrar e em resposta à segunda perdida de Etebo quase marcou. Corrida de Raphinha na esquerda, cruzou para o coração da área e a emenda de Hélder a sair ao lado.

O domínio estéril dos vimaranenses continuou até ao derradeiro fôlego. Já no último minuto dos seis de desconto concedidos pela equipa de arbitragem Hélder Ferreira redimiu-se depois de o Feirense até ter tentado um ar da sua graça nos instantes finais. O golo, o lance do encontro, nasce de um livre cobrado por Raphinha para a área, Caio sacode e deixa a baliza desguarnecida, Hélder dá de primeira e carimba os três pontos.

Terceiro triunfo consecutivo do V. Guimarães na Liga, voltando a igualar o Rio Ave antes da deslocação ao Dragão em jogo da Taça de Portugal. Sétimo desaire do Feirense, que acaba por ser natural face à postura apresentada.