Bessa longe de estar cheio, mas com emoção de arrepiar, como há muito não se via: vitória de muito coração e agarrada pelo Boavista com nove em campo. Nos bancos, tudo acabou de pé. Nas bancadas, os cachecóis de xadrez no ar.

O regresso a casa foi bom conselheiro para o Boavista e a equipa de Jorge Simão voltou a ser feliz duas vezes seguidas em casa. Quase oito meses depois, duas vitórias consecutivas no Bessa para a Liga e 2019 a começar com o pé direito. Ou, neste caso, com a cabeça de Mateus nas alturas e os três pontos no bolso. E muito Helton na baliza.

Triunfo da raça e do sacrifício para quem jogou cerca de 20 minutos em inferioridade numérica a guardar a vantagem, após a expulsão de Edu Machado e, mais tarde, de Raphael Silva. Desfecho estratégico do xadrez, que agudiza a ausência de pontos sadina: quarta derrota seguida no campeonato.

Entre as amarras da reação às recentes derrotas, o frio. Gelo sobre o final de tarde no Bessa, só quebrado em campo com maior afinco após o infortúnio e lesão de Fábio Espinho perto da meia hora de jogo. Rochinha rendeu-o e espevitou logo o poder ofensivo até então adormecido na equipa da casa (e também alastrado ao Vitória).

Boavista-V. Setúbal, 1-0: os destaques do jogo

Antes disso, pouco a registar, apesar de o golo ter estado perto de acontecer. Numa jogada bem construída pelo Boavista, Dankler quase fez autogolo. Na resposta, Mikel, obrigou Helton a defender.

Já com Rochinha em campo, o Boavista trabalhou melhor em espaços curtos, com crescentes combinações ao primeiro toque e pelas alas. É que os axadrezados estavam com dificuldade pelo meio, pela boa organização do Vitória no setor intermédio.

À luz dessas investidas, o minuto 41 quase deu golo do Boavista por duas vezes: primeiro, Rochinha rematou cruzado para defesa apertada de Cristiano. Depois, Rafael Costa deu sensação de golo, mas o remate rasou o poste… pelo lado de fora. Pelo meio, o Vitória, bem organizado na defesa, teve Mendy como referência pelo corredor esquerdo e um remate do guineense deixou o Boavista em sentido.

Boavista-V. Setúbal: ficha e filme do jogo

No reatamento, houve contrastes e o Vitória entrou melhor. Algo apagado a abrir, Cadiz abriu o livro no reatamento, mas, isolado, viu Helton negar o golo com uma das defesas do jogo. A seguir, deixou novo aviso com um remate à malha e depois foi Mikel a cabecear torto na pequena área.

Tamanho sufoco foi resolvido pelo Boavista com o golo que faltara na primeira parte. Na primeira aproximação à baliza contrária, Edu Machado cruzou junto à linha final e Mateus saltou mais alto que Mano para um golpe certeiro de cabeça, aos 58 minutos.

Pouco mais de meia hora para o Vitória, que não tardou a reagir duas vezes, ambas por Cadiz. Mas Helton estava lá.

O jogo aqueceu, com muitas faltas, cartões e, já após a expulsão de Edu Machado, Tiago Martins reverteu um penálti para o Vitória em fora de jogo e a iminência do empate desfez-se em instantes. Ainda assim, foi este a estar mais perto, mas o Boavista agarrou a vantagem mínima e Helton foi herói na baliza, com duas paradas, primeiro a Hildeberto e depois a Vasco Fernandes.

A compensação foi eletrizante mas o Boavista, com menos dois, segurou os três pontos.