«Construção fortificada para defender um ponto ou impedir o passo.»

Eis a definição de fortaleza, de acordo com o dicionário da língua portuguesa. Porém, a palavra facilmente pode servir de sinónimo para Estádio do Bessa, tendo em conta o registo atual do Boavista diante do seu público.

Desta feita, foi o Vitória quem tentou o assalto à fortaleza da pantera. Porém, à semelhança do que aconteceu aos últimos três que tentaram arrombar o forte axadrezado, imperou a resistência dos homens da casa. Quarta vitória consecutiva em casa (um registo que impressiona), subida ao sétimo lugar e o sonho da Europa bem vivo.

CONFIRA O FILME E A FICHA DE JOGO

Longe de rubricar uma das melhores exibições da época, o Boavista construiu o resultado mais alargado este ano perante um Vitória que lutou muito, mas que apresentou pouco critério no capítulo ofensivo. Aliás, os sadinos apenas se preocuparam em chegar à baliza de Vagner quando sofreram. Depois, acabaram por sofrer o segundo e terceiro golos quando estavam a viver os melhores períodos no jogo.

O futebol, por norma, é justo com quem é audaz.

Depois do nulo na Luz, Jorge Simão operou uma pequena revolução no ataque. Mateus e Renato Santos entraram para os lugares de Rui Pedro e Kuca, tendo Yusupha derivado para a zona central. E a aposta do técnico axadrezado resultou em pleno.

Contudo, antes de Yusupha chamar a si o protagonismo, foi Henrique quem brilhou. Livre na esquerda cobrado de forma irrepreensível por Carraça para o desvio certeiro do sub-capitão. Pouco depois, Henrique tirou um golo certo a Tomás Podstawski.

Pelo meio, Luís Godinho ainda assinalou uma grande penalidade contra o Boavista, por mão na bola de Renato Santos. Porém, o juiz da partida consultou as imagens e anulou a decisão inicial. Existiu indiscutivelmente mão, porém, fora da área. Do livre de Amaral resultou uma boa defesa de Vagner.

O Vitória de Setúbal subiu linhas e adiantou-se, embora sem criar lances de perigo iminente. O maior balanceamento ofensivo originou, naturalmente, espaço para as saídas axadrezadas. O 2-0 acabou por surgir, com relativa, naturalidade. Depois de uma simulação primorosa de Fábio Espinho a deixar Yusupha na cara de Cristiano, o avançado gambiano atirou, com classe para o segundo da tarde.

Um golpe demasiado profundo nas aspirações sadinas.

Logo a abrir, Mateus assinou o melhor golo do jogo e deu a estocada final no encontro, novamente, após de um início prometedor dos homens de Setúbal. Apatia incrível da defesa do Vitória, com o extremo a ter tempo para preparar o remate em plena grande área e atirar a contar.

Com o orgulho ferido e já com André Pereira e Wallyson em campo, o Vitória foi à procura de limpar a imagem deixada até então. É justo, sublinhe-se, atribuir mérito aos comandados de José Couceiro por nunca terem deixado de lutar, pese embora o final de tarde ser inteiramente do Boavista.

Yusupha apontou o bis, após assistência de David Simão e conferiu tons de goleada ao marcador. Números, porventura, exagerados. Mas, um triunfo francamente merecido por parte do Boavista.

Aspirações intactas, de parte a parte.