Um triunfo rumo à manutenção, era isso que se pedia ao Vitória de Setúbal diante do Belenenses, e Julio Velázquez tinha alertado para isso mesmo na antevisão do encontro, temendo um adversário aguerrido para resolver de uma vez a questão da permanência.

Incumbido de tranquilizar os adeptos, foi de facto o Vitória que entrou mais afoito no Bonfim. Quim Machado quis surpreender o adversário, apostando numa linha ofensiva composta por Cissé e Hassan. André Claro, que costuma ocupar a frente de ataque, jogou mais recuado e encostado à esquerda, fazendo de terceiro homem do meio-campo.

Tantas mudanças desorientaram o Belenenses nos instantes iniciais, mas não resultou em nada de grave para a baliza de Ricardo Ribeiro, ele que substituiu o habitual titular Ventura.

Tanta fome de golo podia, contudo, ter dado mau resultado para a equipa da casa. Aos 6 minutos, a defesa do Vitória ficou a pedir fora de jogo de André Sousa na esquerda. O auxiliar nada assinalou e o médio cavalgou pela esquerda, assistindo Juanto ao primeiro poste. O espanhol tentou o desvio mas o remate saiu ligeiramente ao lado. Ficou o aviso.

O Vitória tentou depois assumir as rédeas do jogo e de facto tornou-se mais perigoso. Hassan, aos 15 minutos, levou os adeptos nas bancadas a gritar golo, com um remate que passou muito perto do poste da baliza dos azuis. A bola ainda desviou num defesa adversário e foi o suficiente para o remate não tomar o caminho das redes.

Cumprido o primeiro quarto de hora, o jogo já registava duas boas ocasiões de golo, uma para cada lado.

Bakic deixou o Belenenses «órfão» no ataque

Aos 23 minutos a primeira contrariedade para Julio Velázquez. Bakic fez um passe normal e ficou a queixar-se da coxa. O médio montenegrino virou-se para o banco e pediu, de imediato, a substituição, caindo depois no relvado. Sem condições para continuar, o técnico espanhol foi obrigado a esgotar uma alteração, fazendo entrar Rúben Pinto.

Com a entrada de um médio com características mais defensivas, os azuis ganharam mais consistência atrás, mas como consequência perderam também fulgor ofensivo, não sendo capazes de chegar mais vez nenhuma à baliza sadina na primeira parte, pelo menos com perigo.

Mas o Vitória também não. Os da casa tentaram penetrar na muralha defensiva do adversário, sobretudo pelas alas, mas quando a defesa azul não resolvia a questão, a perícia não queria nada com os avançados sadinos.

A igualdade ao intervalo justificava-se perante tão poucas oportunidades criadas.

FILME DO JOGO

No recomeço do encontro, Quim Machado resolveu mexer na equipa, retirando Salim Cissé, um dos piores na primeira parte, e fazendo entrar Costinha. O técnico sadino optou por um esquema com um homem na frente apenas, reforçando a linha imediatamente atrás.

Aguilar, olá e adeus!

Aos 61 minutos, nova contrariedade para o Belenenses. O regressado Aguilar, que até aí vinha sendo um dos melhores em campo, pediu também para ser substituído. Segunda alteração forçada para o Belenenses, depois da saída de Bakic, deixando Julio Velázquez limitado a apenas uma mexida à entrada da última meia hora.

Quim Machado mexe instantes depois, tirando André Claro, algo que não caiu bem no seio dos adeptos vitorianos, e colocou o polaco Makuszewski. Substituição que não surtiu os efeitos desejados.

Juanto prometeu e cumpriu

ESPANHOL FOI A FIGURA DO JOGO

Enquanto isso, o Belenenses foi partindo para cima do adversário, cada vez com mais perigo.

Juanto, à semelhança do que aconteceu no primeiro tempo, quase inaugurou o marcador, aos 76. Foi um presságio para o que havia de acontecer dois minutos depois.

Aos 78, um cruzamento na esquerda encontrou Miguel Rosa e Sturgeon ao segundo poste. A bola parece ter sido desviada por Miguel Rosa para o miolo da área, onde apareceu Juanto a desviar por baixo das pernas de Ricardo. À terceira o espanhol marcou mesmo, dando uma vantagem algo surpreendente ao Belenenses, embora fossem a melhor equipa em campo naquele momento.

A verdade é que o «sprint» final do Belenenses poderia ter resultado em mais um golo. Miguel Rosa, aos 80 minutos, leva a bola a passar muito perto do poste, com Ricardo a defender com os olhos.

O recém-entrado Meyong ainda tentou fazer a igualdade de cabeça, mas apanhou pela frente um Ricardo Ribeiro atento.

Vitória que se aceita do Belenenses face aquilo que produziu na segunda parte, sobretudo no último terço de jogo, mas é de salientar as pouquíssimas oportunidades de golo no conjunto das duas metades.

Ainda não é desta que o Vitória de Setúbal consegue assegurar a manutenção, prolongando para dez o número de jogos consecutivos sem vencer no campeonato.