Debaixo de um frio gélido que se fez sentir esta segunda-feira em Setúbal, o Vitória arrancou provavelmente a exibição mais calorosa da época.

A equipa de José Couceiro construiu frente ao Belenenses o triunfo mais expressivo da temporada: 3-0, mais de 100 dias após a última conquista de três pontos de uma assentada para a Liga, a 21 de outubro de 2017 diante do Marítimo.

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Exibição personalizada dos sadinos, que se apresentaram no Bonfim com a lição bem estudada e conseguiram fazer aos azuis aquilo que nem o Benfica tinha conseguido fazer há uma semana no Restelo: castigar a audácia da equipa de Silas, que desta vez não conseguiu tirar do papel uma proposta de jogo já amplamente elogiada.

É possível que as ausências de Chaby e de Diogo Viana esta noite ajudem a justificar o apagão de um Belenenses que pareceu desde cedo ser presa fácil para a equipa da casa, sempre muito pressionante no início do processo de construção dos visitantes.

Mas impõe-se, acima de tudo, um elogio aos homens da frente do V. Setúbal, que fizeram a bola queimar nos pés dos defesas do Belenenses, enredados quase sempre numa teia da qual sentiram sempre enormes dificuldades para se libertarem. Más decisões, parcimónia e erros infantis, como aquele que quase permitiu a Podstawski fazer o 1-0 aos 17 minutos.

Quando Edinho inaugurou o marcador em cima do intervalo na cobrança notável de um livre em zona frontal, os sadinos há muito que justificavam a vantagem no marcador. Só o avançado dos sadinos já tinha beneficiado de duas boas oportunidades para abrir a contagem.

O V. Setúbal foi para o descanso a justificar a vantagem, mas só na segunda parte os números assumiram uma proporção mais condizente com o que se passou nos primeiros 45 minutos.

Nem o fator vento, que se fez sentir com alguma intensidade no Bonfim, o Belenenses conseguiu capitalizar a seu favor.

Aos 51 minutos, uma desatenção defensiva numa falha de marcação no lançamento lateral permitiu a João Amaral ampliar para 2-0.

O histórico de vantagens desperdiçadas pelos sadinos depois de construir vantagens teoricamente confortáveis não permitia que se respirasse de alívio no Bonfim: nem nas bancadas nem dentro das quatro linhas.

Mas este Vitória demonstrou esta noite a maturidade, a competência e a segurança que lhe faltou tantas vezes noutras fases do campeonato e que ajudam a justificar a frágil posição que a equipa de José Couceiro ocupa no campeonato.

Nem os reforços Yazalde e Licá fizeram vacilar os sadinos, que mataram definitivamente a partida por João Teixeira, num lance que acaba por ser uma analogia ao que se passou durante boa parte dos 90 minutos: a falta de segurança de um Belenenses hoje demasiado verde defensivamente e nas saídas para o ataque aproveitada com sagacidade por João Teixeira, que roubou a bola a Florent Hanin junto à área do Belenenses e assinou o 3-0.

Triunfo autoritário do V. Setúbal, que continua em posição de aperto mas mostrou ter armas para sair dos lugares do fundo da tabela.

E, também importante, mostrou outra coisa: que há vida para além de Gonçalo.