Golpe de teatro ao cair do pano no Bonfim.

Quando tudo parecia alinhado para que o V. Setúbal voltasse aos triunfos para a Liga mais de 70 dias depois, eis que Kyriakou rasgou por completo o esboço de uma crónica que tinha Gonçalo Paciência como protagonista absoluto.

Tal como na vitória sobre o Sp. Braga, que valeu aos sadinos o apuramento para a final four da Taça da Liga, o avançado cedido pelo FC Porto voltou a bisar. Parecia ser ele o denominador comum de mais um triunfo que chegava a parecer certo para os lados da equipa de Couceiro.

FILME E FICHA DE JOGO

Mas o Vitória, perdido algures entre a sorte que o abandonou e o excesso de confiança de que os três pontos aparentemente certos lhe dariam, permitiu um quase plot twist que, tirando mais um ponto para cada lado, deixa, na prática, tudo na mesma nas contas do campeonato: o Vitória continua a ser último e o Estoril fecha a zona de despromoção.

José Couceiro tinha avisado no lançamento da partida, que em campo iam estar dois conjuntos que valem mais do que sugere a tabela classificativa. E o jogo deu-lhe razão, com momentos intensos de parte a parte, futebol bem jogado e muitos nervos à mistura, sobretudo nas bancadas do Bonfim, abertas ao público nesta quinta-feira à noite.

Começou melhor o Estoril, que atirou ao ferro por Victor Andrade quase a abrir, e voltou a ameaçar mais duas vezes até à passagem dos 20 minutos.

Com dificuldades para suster a pressão dos homens de Ivo Vieira, o Vitória despertou na segunda metade do primeiro tempo. Um remate ao lado de João Teixeira despertou os sadinos, que cresceram na partida e chegaram a festejar o golo pouco depois. João Teixeira marcou aos 25’, mas o videoárbitro repôs o nulo por fora de jogo tirado a Arnold numa fase inicial da jogada.

O intervalo chegava com um empate justificado mas com a equipa da casa já com um ligeiro ascendente que se acentuou na etapa complementar. Gonçalo Paciência desatou o nulo aos 63’ numa recarga a um remate de Costinha e bisaria na conclusão de um ataque rápido 11 minutos depois, numa altura em que o Estoril já quase só tinha olhos para a baliza contrária.

O desnorte dos canarinhos parecia total, mas Kléber, a passe de Abner, devolveu a bússola da esperança ao conjunto de Ivo Vieira.

Sentia-se a tensão nas bancadas, mas os sadinos até pareciam ter as operações relativamente controladas, com todas as reservas a que uma vantagem obriga.

Kyriakou, na marcação exemplar de um livre, gelou o Bonfim e resgatou um ponto que permitiu ao Estoril evitar um regresso à Amoreira na condição de «lanterna vermelha».

Não é muito. Mas também não é pouco.