O empate surpreendente arrancado no Estádio do Dragão há duas semanas valeu ao V. Setúbal um feito que nenhuma equipa conseguiu nesta época: não perder qualquer dos quatro jogos realizados com os dois líderes destacados do campeonato.

Ainda assim, os sete jogos consecutivos sem conhecer o sabor do triunfo (desde, lá está, a receção ao Benfica na 19.ª jornada) começavam a desenhar um cenário pouco habitual em equipas que lutam por objetivos modestos, como, assuma-se é o caso deste Vitória: ser forte com os mais fortes e não repetir a tendência em jogos aparentemente mais acessível.

FILME E FICHA DE JOGO

Só que neste domingo, na receção ao Moreirense, os sadinos reconciliaram-se com os triunfos mais de 60 dias depois do tal jogo com o líder do campeonato.

Dois tiros do meio da rua ainda nos primeiros 15 minutos ajudaram a matar a fome de vitórias da equipa de José Couceiro e a agudizar a crise dos minhotos, que já vão no 9.º jogo sem vencer.

Na estreia de Petit no leme do Moreirense, o técnico promoveu cinco alterações em relação ao último jogo (1-1 com o Tondela), que acabou por ditar a saída de Augusto Inácio do comando da equipa minhota. Nildo Petrolina, Ramírez, Boateng, Diego Galo e Bouba Saré foram os rostos de uma tentativa de «revolução» cónega que esteve longe de confirmar-se.

Do lado dos sadinos, surpresa para o regresso de Pedro Trigueira à baliza em detrimento do habitual titular Bruno Varela. Couceiro, ao contrário de em tantas outras ocasiões, apostou num meio-campo a privilegiar o equilíbrio posicional em detrimento da verticalidade, com Nenê Bonilha à frente de Costinha e de Mikel Agu, que regressou à titularidade após a ausência forçada pelos regulamentos na última jornada.

Foi um Vitória pragmático e com uma eficácia tremenda (aquilo que Couceiro tanto tem lamentado ao longo da época), aquele que se apresentou no Bonfim. Aos quatro minutos, um alívio da defesa do Moreirense foi para aos pés de João Amaral, que atirou colocado para o 1-0.

Em desvantagem, os minhotos tentaram reagir, mas as investidas iam esbarrando na coesa muralha sadina sem porem à prova Pedro Trigueira. Na resposta, à passagem do minuto 15, Edinho ampliou para 2-0 numa espécie de reedição do primeiro golo: remate de pé esquerdo colocado de fora da área.

Os golos madrugadores permitiram ao conjunto de José Couceiro gerir o resto da partida de forma cerebral. Sem correrias desenfreadas ou riscos desnecessários. Ponto de rebuçado: bastava controlar o (pouco) ímpeto de um Moreirense que, apesar de ter mais bola e presença no ataque, revelava pouco critério nas definições no último terço.

Em desvantagem por dois golos, Petit procurou injetar presença no ataque para o arranque do segundo tempo, ao lançar Sougou para o lugar de Bouba Saré. Seguiram-se Cauê e Alex. As alterações traduziram num crescimento notório, mas ainda assim insuficiente para permitir sequer ao conjunto minhoto sonhar com outro resultado. Apenas Sougou, já perto do fim, ameaçou dar alguma emotividade na reta final a um jogo que teve pouco mais do que duas pitadas de sal.

E como ele precisava disso há tanto tempo.